domingo, 12 de dezembro de 2010

Uma tarde pra analisar a loucura.

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By bmozz at 2010-12-12



Sai da academia num tiro só e entrei no ônibus. Sentei, liguei o radio e estava tocando Mudhoney!
Legal! Rock’n’ roll velho e bacana. Peguei a porra da apostila digital nas mãos e comecei a ler e, lá no fundo, tinha a impressão que estava perdendo meu tempo e afundando meus pés em merda quente. Sentia que deveria ficar observando os rabos que passavam pela avenida na tarde quente de quinta e que, por mais que eu me esforçasse, aquela porra daquela vaga NÃO seria minha.
Desci do busão, cruzei pela banca de jornal e entrei na primeira direita. Rua velha conhecida de minha adolescência. A porta ainda era a mesma. Toquei a campainha do porteiro eletrônico e ouvi a voz metálica.
-Sim?
-Hatcliff Jhonson da #%&
-Ah...Sim, pode entrar.
Subi as escadas e olhei pra ela. Era velha e enrugada como a porra de um saco de maracujás. Bem, era isso e isso.
-O senhor pode entrar na sala, e aguardar.
Entrei e vi Bee Bee.
-Hey Bee Bee! Seu gordo sacana! Você esta me perseguindo!
-To nada! Você chegou depois!
Uma dona um pouco mais nova que a outra que não era bonita nem gostosa mas pelo menos demonstrava vitalidade entrou.
-O senhor é?...
-Hatcliff.
-Sim, Preencha a ficha e depois me entregue.
Preenchi todas as fichas num tempo recorde. Devia ser a 10° vez que fazia aquela merda.
-Oooh ! Já acabou? Ótimo, pode aguardar na sala ao lado.
Sai, sentei no largo sofá, confortável e macio. Peguei um copo de café, uma bolacha e então fui chamado mais uma vez.
Dessa vez era uma dona ruiva e cansada.
Entrei na sua sala. Não havia nada de glamour naquilo.
Sentei na cadeira de espaldar alto e ela começou.
-Bem, senhor Hatcliff o senhor sabe por que esta aqui não?
-Olha mulher...Corta essa de senhor Hatcliff! Meu nome é Cliff e fim.Sei sim, a mesma velha conversa bacana regada a chá.
-Heheh...Sim e então?
-Bem, não tem muito pra dizer. A #%& nos esfola como rabo de gato, nos paga um salário digno de fome, e depois nos mandam pra cá pra conversar contigo. Mas no geral to bem...Filhos, uma hipoteca pra pagar...
-Sei...
Disse isso e virou a caneta nas mãos de um lado para o outro na altura das mamicas.
Se fosse uma carnuda seria bacana e me deixaria de pau duro, mas era esbagaçada demais pra isso.
-E no resto?
-Bem a vida é uma coisa difícil, sem sentido, pelo menos a minha. A vida não gosta de mim, vive tentando me foder e eu desviando o rabo. Mesmo os prêmios, a não ser as crianças, nunca são bons...Enfim, nunca posso pegá-la ao inteiro, sempre aos poucos... É como engolir pequenos baldes de merda.
-você é uma pessoa amarga.
-Amarga não garota, só sou resignado.Aprendi a conviver com isso e sigo em frente.
Depois foi um pouco de teste motor e por fim ela disse.
-Tudo bem, você pode continuar.
-??
-A trabalhar na #%&.
Não era a melhor coisa do mundo, mas era melhor do que ficar sem teto. Enquanto existir um teto sobre a sua cabeça ainda se tem alguma chance, sem isso, muito pouco se pode fazer.
Desci as escadinhas, atravessei a rua, subi pela alameda e entrei num bar.
Um traçado com torresmo e matei as horas da tarde até a hora de entrar no trampo e deixar que as horas me matassem aos poucos.



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Brothers and sisters. it's time to talk!!!