terça-feira, 15 de março de 2011

Daddy Cool

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By bmozz at 2011-03-15




É que ele vinha numa correria doida pela rua e ainda conseguiu tempo pra ler a manchete de jornal que destacava uma vitória do time de futebol pra qual torcia e entrou no ônibus ainda um pouco esbaforido.
Desceu na velha quadra, cruzou a avenida depois subiu as escadas como uma bala.
Abriu a porta, foi pro quarto e pegou o menor nas mãos, enquanto o do meio dormia e foi pra sala. Ligou o radio ao som do amanhecer que era brutal como um dia de chuva.
Sabia que não era gentil, mas era seu jeito de ser.
Era mesmo atrapalhado e meio louco, e vivia correndo, mas de certa forma quilo sempre fizera sentido em sua vida.
Com a direita virou a fralda e agradeceu por não estar suja de merda e com a esquerda, molhou o polegar e enfiou no ouvido mais velho contando uma piada. Ele acorda bem, graças a deus, tem um ótimo humor, bem diferente do dele.
O do meio resmunga e ele vai até o berço enquanto o menor brinca com um carro destruindo a sala como um tsunami.
Em 15 minutos esta tudo pronto e agora eles descem as escadas amontoados em seus braços que graças a deus são fortes ainda.
Por fim, todos de pé como numa parada de 7 de setembro mas um pouco tortos.
Só então ele percebe uma mancha de danone na manga do menor, um filete de pasta de dente no queixo do mais velho e uma forma indizível de leite na boca do do meio que ele limpa com uma das mãos com certo orgulho.
Uma careta estúpida, uma brincadeira a mais e eles riem e ele saca que dessa vez venceu.
A perua segue pele rua carregando seu orgulho, seu futuro e seus sonhos.
Ele sobe as escadas, acende um cigarro e simplesmente dorme torto no sofá, rezando por uma sorte bem diferente da dele para seus guris.


sexta-feira, 11 de março de 2011

Sobre Deus, O Diabo e as Cartas de Poker.






Blake odiava aquilo mais que câncer, mas era necessário pra sobrevivência das espécie então, foi até o prédio no centro, entrou no tocadouro, calçou as botas pegou todas as malditas quinquilharias necessárias e foi pra fila.
Aquilo era o mais difícil de tudo, lidar com aquele povo. Nunca encontrara seu lugar entre a maioria deles e, naquela data era ainda pior. Viu seu parceiro e agradeceu a Deus por ele ser uma das poucas boas pessoas ali naquele recinto. Seu nome era Jermaine Philips, o famoso JP.
Era um cara bacana, sabia jogar poker bem, não bebia nem fumava e era pai, acima de tudo um bom pai. Era um cara esperto criado nas ruas e que fazia as idéias fluírem com naturalidade.
-E ai Blake? Tranqüilo?
-Vamos nessa cara, não suporto esse lugar.
-Nem eu.
Entraram no carro e Jermaine dirigia. Chovia fino e logo foram chamados pra uma situação estúpida, mas que dava tempo pra papear numa boa.
-E ai Blake? Ainda baixando muita putaria?
-Muita. Acho que essa porra é um vicio, como o cigarro e a bebida.
-Eu parei.
-De novo?
-Dessa vez é pra valer...To indo até pra igreja.
-Putz! Bom cara, isso é uma coisa boa mas nunca consegui seguir.
-Acredito nisso.
O telefone tocou e Blake respondeu com a voz calma.
-Hei J.! O Six Head ta enfiado num buraco. Vamos pra lá.
O carro foi numa velocidade tranqüila espirrando água pros lados na noite chuvosa.
Pararam em frente a um grande portão de ferro. Blake desceu, abriu o portão e depois sentaram pra comer.
-E ai Six head! Como é que você veio parar aqui?
-Foi o Mattersson...Aquele cara é mesmo um filho da puta.
-E dos grandes.Hey J.! Pega uma aqui!
Enquanto comiam, Mattersson chegou.
Mattersson era um merda. Um grande cocô de cachorro rolando pela enxurrada mas ganhara um posto de chefia e agora comandava todo o setor.
Entrou na sala onde eles se encontravam. Entrou se esgueirando feito uma cobra, rastejando como um verme.
-Vocês estão em qual setor?
-No 6 Mattersson.
-MAS AQUI É O 4!!
-É.
-Bom Blake...Você sabe que é errado e pode acarretar numa sanção...
-Também sei que é errado levar parente bêbado de chefe pra casa mas quando eles MANDAM a gente acaba fazendo.
-É... Mas...
Mattersson engolia as palavras como se sua boca estivesse cheia de mariposas mortas.
-Olha Blake eu poderia...
-Ah! Vá se foder!
Mattersson era um merda.Sabia que tinha dado bola fora e não era um tipo valente.
Engoliu as palavras como se fosse um chiclete de merda e depois, virou-se e saiu andando na chuva.
-Ele é mesmo um merda Blake.
-Eu sei Head... Sei mesmo.
Depois Blake e J saíram. Durante a noite lhes encheram o saco mais algumas vezes.
Quando a calma se estabeleceu, fichas de poker corriam sobre a mesa.
-Sabe J. você falou sobre a igreja...Deus pra mim é esperança...Uma esperança que as coisas melhorem mesmo quando ta tudo fodido.
-E O diabo?
-O diabo é um medo, uma barreira pra gente, às vezes, não fazer o que quer...Tipo espancar um panaca como o Mattersson até a morte. Hahah Trinca com seu nome!
-Isso foi roubo Blake!
-Não chora J!
J. Ganhou mais duas blake uma e eles resolveram mais uns problemas enquanto a cidade dormia numa noite se sexta.