sábado, 28 de dezembro de 2013

SALUTE! (WHO CARES? MY LIFE IS OVER ANYWAY)

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Sentei-me à mesa mais escura e fodida daquele bar fétido e imundo.
Pedi um Gt e me sentei pra beberica-lo.Olhei minhas mãos. Estavam trêmulas e não era por falta de álcool, o que tornava as coisas ainda mais assustadoras.
Vi quando ele entrou. Passou pelo balcão, não sorriu pra ninguém e veio direto ao meu encontro.
-E ai Cliff? Como está cara?
-Você sabe como eu to Blake. Pergunta estúpida!
-É, foi mesmo, mas e ai acha que da pra aguentar?
-É como eu disse, você sobrevive, mas não supera. É tipo uma cicatriz funda e mórbida. Indelével.
-Imagino. Gostaria de poder fazer alguma coisa.
-Me paga um drink. Não ajuda, mas economiza.
-Esse é grilo destas questões. Nunca ninguém pode fazer nada por você nessas horas.
-É mesmo, mas de certa forma é minha culpa.Acho que os Deuses se zangaram comigo. Eu sempre avacalhei e eles me pegaram pelo rabo direitinho dessa vez. Minha alma me corrói de um lado e o coração de outro. É como uma virgem sendo currada por dois estupradores nigerianos.
-Enquanto você conseguir fazer troça da própria desgraça ainda tem uma chance.
-Chance não, mas mantém em pé. É claro, virão bons textos, mas eu odeio esses meus textos. Eles são ótimos, mas sempre vêm de algum baque. Se for por força do baque, eu vou pra academia brasileira de letras.
-Foi tão assim mesmo Cliff?
-Foi cara, foi mesmo. Era o Sol e Lua num só momento cara, mar, arco-iris, cavalo em campina, pele bronzeada em tarde de inverno.
-Todas as coisas...
-...Mais encantadoras do Mundo.
-É...
-É...
Era uma noite de tempo ameno, um vento suave soprava do leste e a bebida descia cortando a garganta como uma lâmina afiada por Hanzo.
Tinha que ser assim.
A noite foi passando e continuamos bebendo.
É claro que eu estava fugindo da realidade, mas diabos, quem não estava? Quem queria encarar a dor da perda? Quem queria ver a derrota assim, em frente aos olhos nus? Quem queria ver seus sonhos indo embora pelo ralo? Porra, acho que ninguém!
O dia nasceu e eu ainda estava lá bebendo. Eu e o Blake, Blake e eu. Inseparáveis, na derrota e na vitória. Pena que a vitória era rara, rara...
Depois fui andando até minha casa. No caminho passei por um hotel horrível, tão feio quanto á minha cara. Vi um sujeito conhecido entrando nele, Arnie, ele era uma boa pessoa e pela cara dele o mundo se fecharia sobre sua cabeça àquela hora.
Então, antes de tentar deitar tomei mais um gole.
Por mim.
Por Blake.
Por Arnie.
Por todos que viram a alma se dilacerar de forma irreparável.
Por todos que perderam algo insubstituível.
Por todos os náufragos de ambições.
Por todos os fracassados e por todas as almas que nadam pelo Styx.
                 Salute!
Título baseado na música "Give me a coma" do Chocolate Diesel



quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ARNIE

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Arnie estava dirigindo numa noite de outubro de um dia que ele nunca se lembrará da data, mas que pra ele sempre seria como se fosse hoje, ou melhor, agora pouco.
Olhou pro banco do carona e viu um negocinho ali.
Pegou-o nas mãos, cheirou, olhou e resolveu para num bar pra examinar melhor.
Pediu um gim tônica e sentou-se numa mesa escura, lá no fundo do ambiente.
Sempre gostara da solidão, da escuridão e do isolamento.
Então olhou o embrulho e desfez os nós que o amarravam um a um.
-Puta, mas que porra!
Sempre fora um boca-suja.
Ai viu o que estava dentro daquele saquinho.
-Mas que caralho seria isso?
Era quente e macio como uma noite de sono tranquila. Tinha o cheiro da chegada da primavera, o charme das manhãs frias e claras de outono.
Tinha mais encanto que cavalos correndo numa campina, mais brilho que uma supernova e mais melodia que solo do J mascis.
Arnie simplesmente não sabia oque era aquilo.
Não sabia se o comia se guardava no bolso, ou se simplesmente saia andando com aquilo nas mãos.
Olhou no fundo do embrulho e encontrou um bilhete muito dobrado.
“Querido Arnie, isso se chama felicidade.
Creio que você não saiba exatamente o que é isso.
Bem, desse tipo eu tenho CERTEZA que você nunca soube.
Acho que você nunca soube, talvez por medo, talvez por loucura demais, sei lá
Bom de qualquer maneira ai está.
Saiba que isso acaba e quando acabar vai sobrar aquilo que você conhecesse bem
Muito bem
As paredes se fechando e o teto descendo sem sentido e cruel sobre sua cabeça velha e fodida.
Essa dose de felicidade é uma dose cavalar, pois nela concentrei TUDO que você pensou a sua vida inteira ser impossível, conceber em uma só coisa, portanto, quando acabar as paredes se fecharão mais apertadas do que nunca e o teto descera ainda mais rápido que de costume.
É claro que você não poderia ficar com essa felicidade só pra você.
Uma por que você é você e outra por que é assim que é.
Mas desejo sinceramente que você aproveite INTENSAMENTE cada momento que isso lhe trouxer e depois não se culpe nem se lamente, pois você sabia que acabaria.
Agora é com você, seu cachorro velho.
Assinado: “DEUS”
Arnie tomou um gole do Gt e depois pediu mais um.
Duplo dessa vez.
E emborcou também de um só gole e depois pegou o embrulho nas mãos e colocou-o no bolso do paletó. Aquele bolso no peito.
 E dai saiu pra rua.
Viu um cachorro vagabundo se lambendo de uma forma estranha.

E então ele sorriu.




quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Um passeio Nas Águas do Styx

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Como um corpo que cai
Inerte e sombrio
num Abismo escuro e sem pára-quedas
É você indo ao desfiladeiro agora
É o espírito se chocando contra rochas
É alma se partindo em pedaços
Que não mais se colarão
E depois o baque
Bum!
Silêncio
O som das águas é do Styx
E a dor que corre pelos ossos partidos
É lancinante e queima o resto de humanidade que restara
E dos cacos que sobraram ergue-se a figura
De carne, esparadrapo e superbonder
Examinando-se no espelho destas águas ruidosas
Que só trazem gritos de derrota
A figura vê suas mãos
Que um dia foram belas
E agora não passam de varetas murchas
E com elas ele começa a traçar a rota
De desespero e angústia que o aguarda
Não de volta à vida, pois ela não lhe é mais bem-vinda
Mas o caminho do seguimento, em busca da vaga no inferno que lhe fora negada





terça-feira, 10 de dezembro de 2013

EU CONTRA A NOITE




















Um som de harpa, um torpedo
Weidman acertando um cruzado na aranha
Cristo ligando pro pai de um celular pré-pago e com a ligação sem sinal
É um balde cheio d'água e Raymond ficando nas sombras
Sou eu contra a noite
E os joelhos se dobram
E a alma se arrasta moribunda
E a rocha fendida se quebrando em um milhão de pedaços
Cinzas
Rotos
Sangrentos
E as paredes se fechando como prensas
E as nuvens trazendo tempestade e tornado
Buster Douglas mandando o aço pra fornalha
E o descrédito te levando a loucura
Declínio e queda
E agora sou eu e o copo
Dois contra o mundo
Mas agora ele é diferente, maior e têm cores
Rosas
Azuis
E degradê do negro ao dourado
E o que disseram por propaganda enganosa fez confusão
E eu perdido dentro de meu próprio eixo
E toda a construção e entrega se desfazendo em pó
Declínio e queda
Eu contra a noite
E ela me trazendo uma dor desconhecida e brutal

E os joelhos dobrados, e a loucura feroz e a espuma do copo
Só fazem a dor te tocar com mais intimidade.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

SOL NASCENTE

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(Satélite parte II)


-Será que ELE está assistindo?
-Acho que sim. ELE disse que ia ficar de olho.
-Nossa. ELE deve estar mau.
-Eu avisei pra ELE que isso era bem possível de acontecer. Eles não sabem lidar com essas coisas.
-Você carregou demais Venny. Colocou tudo numa dose muito alta.
-Não! Eu fiz como ELE me pediu Shaun.
ELE abriu a porta e chamou-as.
-Venny e Shaun. Parem de bisbilhotar e fuxicar como loucas e venham aqui comigo.
-Sim chefe.
Venny olhou pra ELE. ELE estava com um semblante meio caído. Tipo um garoto quando ganha um brinquedo diferente e inferior ao que tinha pedido de presente.
-Veja Venny. Eu acho que fiz tudo certo. Sabia que a chance disso acontecer era grande, mas eu realmente apostei.
-Não fica assim chefe. Você sabe como é.
-Sei. O mais engraçado disso tudo é que EU sei como é.
-Mas e agora chefe? Como é que fica.
-Escuta Shaun... Bem, quando eu criei esta parte eu sabia o que estava fazendo. Pedi pra você Venny dar tudo em doses muito altas e você fez um trabalho maravilhoso tão bom quanto você mesma e até mesmo você concordou.
-Vocês me avisaram sobre esses riscos é bem verdade e eu sabia deles. Mas quando eu crio uma estrela, EU crio uma estrela e pronto. Ela tem que brilhar e vai brilhar ainda durante muito tempo. Está muito longe de sua luz se extinguir e mesmo quando extinguir o facho de luz que fica ainda dura muito tempo.
-E quanto ao resto?
-Bom o resto é o resto embora aquele sacana me surpreendeu. Ele manteve a dignidade e até certa polidez... Não digo que eu o quero aqui no final das contas, mas ele ganhou um pouco mais do meu respeito. Sabe, ele encontrou algumas coisas que ele não sabia que tinha. É claro que ele é como é e o que eu gosto nele é que ele não reclama e nem esconde. E isso o fez ser duro como uma rocha. Agora eu não sei como ele vai fazer, sem a sua carapaça, sem seu casco de tartaruga que o envolve.
-Venny, pegue aquela fita pra mim.
Venny pegou e deu nas mãos DELE.
-Poxa chefe, isso é sacanagem.
-Eu gosto de brincar Venny, você sabe disso.
Lá embaixo uma pequena figura bebia seu vinho de uma forma que conhecia bem, mas que dessa vez tinha um gosto diferente de todas as outras vezes.
-Porra! Sacanagem!
A figura olhou pro céu e sabia que isso era uma típica piada de mau gosto, mas não lamentou.
Então a figura envelhecida e bruta resolveu se pronunciar.
-Bem cara, eu sei que você esta ai em cima rindo um bocado e acho que você tem direito. Mas sabe meu chapa... Dessa vez você realmente me acertou forte, e ainda deu risada... Tudo bem, eu mereço... Mas escute aqui, eu não vou me entregar assim tão fácil. Não sei se quem me fez foi você ou o outro e pra mim pouco importa agora, mas eu te garanto uma coisa meu velho. Eu cumpro o que prometo, nisso eu sou bem, e me dê um tempinho, só te peço um tempinho pra me levantar, não encerre a contagem agora, me dê mais um fôlego e ai você verá o que é um cachorro velho e mordido brigando pra valer.
Lá em cima ELE ria. Aquela figurinha era mesmo uma casca grossa.
-Você acha que ele esta falando sério chefe?
-Sinceramente sim.
-Uau! Esse vagabundo tem Culhões mesmo hein?
-Tem, isso ele tem.
Então, ELE e as duas viram as explosões de cor e luz brilhando na noite, confusas, terríveis e catárticas.
Mas cientes que os tons se encaixariam em harmonia simétrica novamente.

Por que por mais escura que a noite seja
No outro dia o Sol vai nascer.



terça-feira, 19 de novembro de 2013

SATÉLITE

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ELE calçou os chinelos, pegou os materiais e vestiu uma camisa da seleção de 82, a numero 8 do doutor e foi pra praia.
Colocou-se diante do mar, contemplou-o e depois começou a trabalhar na tela com esmero. Estava inspirado, muito inspirado, mas queria atingir a perfeição.
A noite caiu e sob as estrelas ELE continuou trabalhando duro. Acerta daqui, mexe dali, apaga isso, coloca aquilo, não, não, não, agora sim!
Ligou o radio e sintonizou na parada da bilboard. Gostava daquela música, ainda seria um sucesso daqui a 30 anos.
Então se levantou e olhou o que tinha criado. Ficou feliz, tinha conseguido fazer sua parte, tinha alcançado seu objetivo, fizera com esmero, com paciência, com suor.
Assinou a tela com sangue pra que tivesse ainda mais dele mesmo naquilo e então, com a fogueira acessa dançou afundando seus pés na areia.
Na outra manhã despertou eufórico e chegou ao trabalho sorridente.
-Bom dia chefe!
-Bom dia rapazes!
-Nossa como ELE está contente!
-É mesmo! ELE quase sempre tá de boa, mas hoje ele está com uma cara daquelas.
Entrou em sua sala, tirou o pano que cobria a tela, examinou-a mais uma vez e então foi ao corredor.
-Chamem a Venny e Shaun, por favor.
-Sim chefe.
Elas entraram na sala. Venny era linda, uma verdadeira Deusa, e Shaun era esperta e tinha mesmo uma boa bossa.
-Bom dia chefe. O que manda?
-Chamei vocês duas aqui por que preciso de uma ajuda. Deem uma olhada e me digam o que acham.
-Uau chefe! O senhor caprichou mesmo hein?  Tá quase melhor que eu mesma?
-Obrigado Venny! Eu acho que tá igual, pra não dizer melhor.
-Sensacional Chefe, sensacional, mas o que o senhor vai fazer com isso?
-Vou chamar os meninos e mandar entregar.
-Chefe, me desculpe, mas o senhor tá maluco? Você sabe melhor que ninguém a dor de cabeça que isso causaria.
-Talvez agora seja diferente.
-Nunca é diferente. Eles não sabem lidar com essas coisas.
-Por isso você tá aqui Shaun. Você tem esperteza suficiente pra deixar esse projeto funcionando sem que se torne um caos. Juntei umas coisas do Herman e do Aby também, talvez isso facilite.
-Chefe, eu sei mexer com projetos, mas nada desse tamanho. Isso é incrível. Olha a cara da Venny, ela mesma se rendeu e ela nunca se rende.
-Eu sei, eu sei. Caprichei mesmo, queria que fosse assim. Agora Venny, arte-finalize pra mim, preciso do teu toque nisso, preciso da tua benção.
-Com tudo chefe?
-Tudo. E quero em doses altas, o fogo, a calma e o brilho.
-Tudo bem... Chefe, você sabe que quando faz dessas coisas eu me irrito um pouco. Mas dessa vez, nossa, tá tão perfeito que eu fico feliz e temerosa ao mesmo tempo. Tem o melhor de você ai, você ASSINOU COM SANGUE!
Então os 3 trabalharam até que ficasse perfeito. Colocaram tudo no lugar e se deram por satisfeitos.
As duas saíram da sala e ELE chamou novamente.
- Chamem o Brooke e o Cassidy.
Os dois estavam sentados vendo tv quando os chamaram.
-Levanta o rabo dai Cass! Tem trampo hoje.
-Opa! Deixe eu me vestir. Fazia tempo que eu não fazia nada.
-É o lado ruim desse trampo é isso. Você só trabalha de vez em quando.
-Mas isso que é o bom Brooke. O chefe quando manda só manda coisa boa e confia na gente pra levar.
-Isso é bem verdade.
Entraram na sala e receberam as instruções.
Era começo de outono e o tempo estava bom. Pegaram a entrega e ainda comentaram.
-Porra chefe! Detonou hein?
-Obrigado filho.
Então desceram e fizeram a entrega. Essa era a parte boa do trabalho.
E ainda receberam uma folga pra assistir aos jogos no outro lado.
E viram o espirito humano ser levado ao extremo.
Seres admiráveis mesmo esses homens.
Embora aquela águia estupida fosse um insulto aos olhos.
Lá em cima ELE observa a sua criação.
Sabia quanta loucura aquilo provocaria, passaria e sentiria.
Mas sabia também, e por isso se alegrava, em ver o quanto aquele satélite móvel iluminava o mundo.



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Bartterfly

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Clive estava bebendo uma noite dessas, uma noite dessas bestas de verão.
Clive não gostava muito do calor. Ele era grande e pesado e sentia-se cansado com tudo aquilo.
As pessoas todas insanas, talvez pelo calor, os tempos modernos, o desespero de ser “curtido” de ser legal, de serem aceitos.
Ele estava sentado lá no fundo do bar quando ELA entrou.
Às vezes, só às vezes, os almoxarifes do céu descem á terra e agraciam alguém com toda a graça que é possível conceber a uma mortal.
ELA era uma dessas agraciadas.
O bar estava cheio, risadas, vozes, gritos, mas o silêncio DELA cortava o ar e era mais emblemático que tudo o que estava ao seu redor.
Sentou-se solitária à mesa, num canto.
Da sacola que trazia via-se a capa de um exemplar raro de “A garota mais linda da galáxia” um livro de poemas que Clive achava muito bom. Não eram grandes poemas é bem verdade, mas continham uma verdade tão intensa que era impossível não gostar deles. Eram poemas de um homem desesperado, arriscando tudo na escrita.
Clive gostava de gente que escrevia assim.
ELA levantou-se para ir ao balcão pegar uma bebida.
O cabelo corria grande e negro pelas costas. O corpo era bonito, não era extravagante, mas simétrico e sensual, uma bundinha pequena e muito bem desenhada..
ELA era forma e conteúdo.
Giant e Hooper numa só tela.
ELA foi até a Jukebox e colocou uma ficha.
O disco caiu no prato e começou a tocar.
Dançou quase que imóvel, mas cada movimento era um flash de luz, um relâmpago no escuro.
Quase todos no bar de uma forma ou de outra a olhavam.
Desejavam ardentemente sua carne.
Clive também, mas tinha algo a mais e era isso que o atraia.
Era carne e alma, fogo e razão, duvida e certeza.
Havia um mistério, uma magia e muita loucura naquele fogo.
Ao virar-se os olhos dela cruzaram os de Clive.
ELA olhou BEM dentro dos olhos dele.
Os olhos DELA grandes e brilhantes penetraram as fendas pelas quais Clive via o mundo.
ELA viu dentro deles.
Viu tudo. Loucura, medo, frustrações, alguma sabedoria, tristeza, mas principalmente loucura e medo.
Então ELA sorriu e saiu pela porta.
A noite se enfeitou de joias enquanto ela partia deixando para trás um degrade em rosa, branco e azul bebê.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Colcha de Retalhos

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Venha sob a lua azul me levar
Olá falcão! Venha me pegar.
Pois ninguém me corta em silêncio como você me corta 
E eu sei que é destino correndo contra mim
E irei rastejar não que isso importe
mas ninguém sangra do jeito que eu sangro.
Então, olá falcão! 
Quando vi a sua sombra, soube que era você derrubando o anoitecer.
E em seus lábios, um mundo mágico um mundo folheado em ouro.
Olá falcão! Venha me pegar.
Acenando no vento suas penas
Pra me pegar, me roubar, me matar
E ainda assim, engatinharei até você como todos os outros.
Contra minha vontade
Mas me entrego a ela pro que der e vier.
E nessa hora mortal.
Nem o vento, nem a chuva, nem uma conversa
Trar-me-ão de volta vivo.
Mas ainda assim, me entrego a esse destino
Pro que der e vier.

"E de pedaços de velhas canções
Te entrego palavras
Sensações
E um sonho sonhado numa noite fria."



terça-feira, 5 de novembro de 2013

Cenas de um Amor Mequetrefe.

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Blake subiu as escadas, abriu a porta entrou em casa e sentou-se no sofá.
Percebeu uma bagana da noite anterior ali, como que o chamando pra mais um volta.
Acendeu-a e começou a ouvir os gritos vindo andar de baixo.
-Sasha! SASHA! Pelo amor de deus mulher, abre essa porta!
-Some daqui Al! Eu não aguento mais!
-Por favor, mulher! Por Deus mulher! Abre essa porta.
A vizinhança começou a se projetar, era por volta do meio- dia fazia um frio danado e a temporada 2013 de futebol estava chegando ao fim.
-PARA COM ESSA GRITARIA SEU VIADO!
-CORNO FILHO DA PUTA!
-EU ESTOU VENDO TV! SERÁ QUE NINGUÉM MAIS PODE VIVER EM PAZ?
A tv sempre a tv.A mais importante companheira das donas de casa do mundo inteiro, trazendo sempre seus romances arrebatadores entre homens lindos e mulheres fantásticas.
Blake olhou pela janela, enquanto soltava a fumaça pelas narinas.
Simpatizava com o garoto, o lembrava quando mais jovem, apenas mais magro.
Ela era um problema realmente. Tinha olhos furiosos, mas um corpo que era o próprio demônio na face da terra. Um enlouquecedor par de coxas e seios vulcânicos que pareciam sempre querer arrebentar o tecido da blusa.
Pobre garoto. Ele devia saber que mulheres assim eram tudo o que um homem precisava para ir pro inferno. Devia saber que ela o destruiria e que agora, por mais que ele gritasse e uivasse como um cão raivoso, era à toa.
Ela provavelmente destruiria outro cara qualquer no futuro e deve ter destruído mais alguns no passado, e Blake ficou feliz por não ser um desses.
De repente foi a velha cena clichê.
As roupas voando pela janela.
Cuecas, camisas de time. Olha! Não sabia que ele torcia pro alvinegro praiano, e voavam as toalhas, as meias e por ai vai.
Não era uma cena bonita, não mesmo.
Chegava a ser vergonhoso tudo aquilo, mas naquele momento Blake sentiu uma tremenda pena do rapaz e de todos os corações partidos pela terra.
Todo mundo uma vez na vida que fosse teria o coração partido e nesse jogo louco de machucar e se ferir teciam-se as histórias de amor da vida.
Blake nunca foi de cenas, mas as pessoas tinham direito a seus momentos.
Blake acabou de fumar, foi pro quarto, deitou-se nu e olhou o teto.
Já machucara e se machucara uma centena de vezes na vida e gostaria de não ter alma alguma pra sentir.
Tomara que a do garoto fosse estúpida ou forte o suficiente pra esquecer ou seguir em frente.
Tomara.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

MILITANDO EM MILILITROS

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Entrei no carro, liguei o rádio e comecei a andar. É claro que de uma forma ou de outra achava que aquilo não fazia o menor sentido, mas Ora bolas! Que vá tudo à merda!
O dia estava claro e com uma temperatura amena e sentia que o Sol me alimentava a alma naquele momento.
Cheguei ao local marcado, estacionei o carro, desci a rua e entrei no saguão do prédio.
Eles estavam a minha espera, Carl, Geena, e Perks, quem eu não via a muito tempo.
-Oi, Geena!
-Fala Cliff! Você vai ao banco antes?
-Sim, depois que tal biritarmos um pouco?
-Cliff seu pinguço! A reunião é lá em cima. Temos que ir pra lá.
-Não sei. Pra mim o melhor a fazer é ficar tomando umas e esperar o resultado como quem espera a morte.
-Vá ao banco depois a gente vê isso.
Fui ao banco, paguei contas, parcelei contas e vi a cara da morte no meu extrato bancário.
De um lado a pressão arterial, o estômago com problemas, a miopia aumentando e o joelho que nunca ficava bom, de outro as dívidas e a eterna falta de grana atacando todos os meus flancos como uma falange espartana.
Entramos no prédio, subimos pelo elevador por 10 longos andares, enquanto observava no espelho minha velha pança lotada de cerveja e vida desenfreada.
Chegamos ao local e fomos recebidos por um cara com cara de vassoura que não nos deixou participar da tal reunião.
Quando a porta se abriu, pude ver de relance QUEM estava lá dentro e comecei a sentir um tremendo cheiro de merda predizendo o que sairia de lá.
Ficamos aguardando o elevador e eu olhava pela janela. Devíamos estar a uns 80 metros de altura.
A cidade e as pessoas assim, em miniatura até pareciam boas.
Descemos e ao sair, sem ter conseguido entrar na reunião, convenci o pessoal a ir até o bar mais próximo pra beber um pouco.
Eu era mesmo má influência, despertava más tendências.
Fomos até um bar onde se podia fumar enquanto bebia coisa rara atualmente e lá acabamos encontrando um monte de gente que estava ligada naquela onda.
Nunca tive uma posição favorável às massas, ainda mais em bares, mas nunca fui esnobe, então juntamo-nos ao resto do bando de gente que estava esperançosa quanto à tudo aquilo.
Uma parte do pessoal estava enlouquecido, bolando planos extremamente absurdos, outra parte estava furiosa, querendo explodir bombas e mais um monte de coisas.
Eu sinceramente estava indiferente.
Fiquei bebendo meu “sour “como um louco, como sempre bebi. Bebendo e bebendo sob o Sol.
Militando apenas com meus mililitros etílicos que me deixavam felizes o suficiente porá encarar os problemas.
Não estava dando à mínima nem pros loucos, nem pros enfurecidos.
Vez por outra soltava uma frase qualquer pra participar da conversa, mas sinceramente não me importava. Sabia que os sonhos não se concretizavam assim tão facilmente sem uma estratégia bem formada e que só vontade sem razão não levava ninguém a lugar nenhum.
Por fim, Big Bull Clint chegou trazendo os resultados.
É claro que não tinha dado nada certo.
É claro que os enfurecidos estavam ainda mais putos e os enlouquecidos ainda mais furiosos.
E é claro que eu segui bebendo o quanto pude até ser enforcado pelo trabalho, pelas contas e por tudo que nos cerca mais uma vez


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CRIAÇÃO

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Quando Deus criou o amor, ele estava em dúvida
Quando Deus criou a bebedeira, ele precisava, queria e merecia um trago.
Quando Deus criou VOCÊ, ele contemplava o infinito mar de diamante.

Quando Deus Criou as pulgas, ele estava com raiva de alguém
Quando Deus criou a arma, ele estava deprimido
Quando Deus criou VOCÊ, ele estava olhando as estrelas

Quando Deus criou a música, ele sabia que isso iria salvar alguns
Quando Deus criou a mim, ele lamentou até o fim
Quando Deus criou VOCÊ, ele dançou sob o fogo

E da duvida veio a brecha que dava vaga pra bebedeira , pra felicidade que traz lágrimas e sensações conflitivas e que é boa mesmo assim
E da raiva veio o medo, a angustia, a fé insana mesmo sabendo que de algum modo  tudo chega ao fim
E da loucura veio o dane-se pra tudo e o seguir em frente andando mesmo que seja a esmo.

Mas no mar de diamantes dançando sob o fogo ele criou VOCÊ e derramou sobre o universo a melhor porção Dele mesmo



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

RETRATO

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Ele entrou em casa, descalçou as botas, tirou as chaves do bolso, pendurou-as no chaveiro e foi à cozinha.

ESTAVA TUDO COMO DE COSTUME.

Um caos quase que obsceno, assassino, surreal.
Randall então foi até a pia e salvou um copo naufrago em meio ao tsunami de louça que se projetava a sua frente, lavou-o e serviu-se de uma dose de whiskey.
Viu de relance sua imagem refletida no copo.
Brutal e dilacerada pelo tempo, pela loucura, por todos os problemas que, de certa forma ele mesmo causara a si.
Não tinha quem culpar a não ser ele mesmo.
A vida é feita de escolhas e ele fizera algumas erradas.
Bem erradas.
Ele sabia que estava encrencado, destruído e com uma porcentagem bem pequena de chance de virada e estava longe de estar morto o que, naquele instante, sob a luz empoeirada da lâmpada da cozinha não pareceu ser lá muito vantajoso.
Então, acendeu um cigarro e ao soprar a fumaça percebeu o retrato na sala.
Gostaria de ser um escritor pra descrever a sensação em palavras.
Sempre admirou os escritores. Eram capazes de definir as sensações de uma forma diferente do usual, com magia e beleza.
Gostaria de dizer algo como “O tempo, a felicidade e de certa forma a vida, presa num distante instante e uma esperança ignóbil de que tudo volte a ser como era Uma pessoa tem direito a sonhos, mas quando eles são loucos demais é melhor acordar", gostaria de tocar uma música que mostrasse em acordes o que ele sentia, mas ele não sabia fazer nada disso.
Ouviu o som da tv e sentiu inveja daquela calmaria, daquela alienação feliz e insana, daquela insensatez festiva e mórbida.
Sabia que não poderia voltar pra dentro daquele momento.
Sabia que ele jazia morto num lugar distante do passado e NADA o traria de volta e que cada tentativa, soava ainda mais desastrosa e fútil.
Voltou pra cozinha, serviu-se de mais uma dose, imergindo na fumaça do cigarro enquanto o retrato guardava seu sonho, louco demais e incapaz de ser acordado.





sexta-feira, 25 de outubro de 2013

POESIAS ESCRITAS EM SEMAFOROS FECHADOS

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No carro, no trânsito homicida e brutal
No meio do centro, entre os prédios cinzas e paredes de cobalto
Na fumaça do cigarro que baila misteriosa
Emergindo flamejante em seu costume marcial

 EU VEJO VOCÊ


No sorriso embalado pela bebida que destila as mazelas
Nas mãos dos pintores eternizadas em suas telas
Nas canções gritadas parcas de técnica e cheias de emoção
Em filas de supermercado, eu, velho, abjeto e sem nenhuma razão

 EU OUÇO VOCÊ

Sem querer te guardar
Sem querer te prender
Sem conseguir te definir
Sensível demais pra tentar entender

EU SINTO VOCÊ

E é o que me basta pra seguir
E é o que faz esse rabugento sorrir
E é o que me faz querer queimar em seu fogo

Pra que ele me consuma, me mate e me enlouqueça
Pra que ele dure até se extinguir, não importe o que aconteça.







terça-feira, 15 de outubro de 2013

MEU PÁSSARO CINZA

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Meu Pássaro  é cinza

Soltei meu pássaro cinza
Pra voar pela sala
Numa manhã de sábado.
Em frentes aos guris
Que riram com ele
Que se assustaram com sua pequenez
E ele ficou feliz por ver essa gente
Pela primeira vez.

Depois tranquei-o de novo
Aqui no meu peito
E lá naquela jaula azul
A menina bonita não pode lhe ver
Nem o homem áspero pode lhe conhecer
Talvez o cara legal que escreve tão bem
Mas nunca o panaca com cara de cavalo
Aquele ao qual não quero bem.

Alguns já o viram por ai
Mas são bons o suficiente para manterem-se calados
Sabem que não vou deixa-lo morrer
Mas sabem que ele não deve voar por ai
Assim pra qualquer lado

E ele precisa ficar ali fechado
Por que ele preso me faz ser quem sou
E quando ele sai
Bem, diabos eu choro
Contrariando seu criador
Que por ele jamais chorou.
Baseado no poema “Bluebird” de Charles Bukowski.



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Previsão de chuva para o domingo que vem.

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 (Quando os celulares tocam)


Blake estava trabalhando naquela noite de sábado no Dead End’s bar e não era algo que se podia ter orgulho. Tudo bem, era melhor que a merda rançosa do trabalho público e ajudava a pagar as contas. De certo modo era engraçado. Toda a fauna de pseudo-estrelas e falidos pomposos da cidade provinciana acabavam aparecendo por lá e Blake ria com isso e o ajudava a se manter são.

Naquela noite de sábado ele estava em parceria de Carl Anderson.

Carl era um bom amigo. Um dos poucos que Blake cultivara nos anos de trabalho. Garoto jovem e esperto, leitor de Kafka e Faulkner, escrevia ótimas poesias.

-Blake, isso aqui é mesmo bizarro.Bem que você havia me dito.

-Te Falei Carl, é engraçado pacas. Esses figuras e seus deslumbres e suas estórias fodidas embaladas em papel brilhante pra disfarçar.

-Só.

A noite ia se arrastando feito merda quando chegaram Becky e seu marido.

 Becky fora uma ex-namorada de Blake, viviam aos berros e xingamentos e agora ela era casada com um músico cafona e decadente.

 Blake agora estava casado com Betty e tinha com ela três filhos, um cachorro e uma hipoteca. Viviam também aos berros e xingamentos, mas era o jeito de Blake.

 Becky passou por Blake, lhe deu um sorriso amarelo e estúpido. Encantado e alegre como sempre fora.

Carl saiu de banda pra fumar um cigarro. Sentiu o telefone vibrar em suas calças e atendeu.

 -Oi Baby. Como estão as coisas por ai?

-Tranquilas Shanon.É um troco fácil de ganhar.

-Pensou sobre o assunto Carl?

 -Pensei e...Bem, a coisa ainda é mesma Shanon.

- VOCÊ SABE QUE EU NÃO VOU VOLTAR ATRÁS.

 -E eu também não vou mudar de ideia então, temos um impasse.

-Pense melhor Carl.

-Você também Shan.

Ela desligou com aspereza e Carl seguiu fumando seu cigarro sabendo que não seria fácil mudar as coisas.

Là dentro do Bar, Becky sentou-se ao lado de Blake junto com um cara gordo e extremamente chato que a idolatrava com um carola devoto. Era confortável à Becky ter alguém assim e começaram a falar.

Falar.

 Falar.

Falar.

Falando interminavelmente sobre assuntos intermináveis.

De repente Becky virou-se pra Blake.

-Você não é mais o mesmo. Não gosta de pessoas, não gosta de ninguém e você..blá, blá, blá...

Se Blake fosse uma pedra ela falaria.

Se ela fosse uma esfinge, ainda assim ela falaria.

 Blake levantou, deu de ombros e foi pra rua fumar um cigarro.

 A noite era nebulosa e sinistra.

O telefone tocou no bolso esquerdo da calça de Blake.

-ELA TA AI NÉ?

-Betty, por favor... Não me venha com essa merda agora.

 -EU SEI QUE ELA TA AI BLAKE!! VOCÊ TA FELIZ AGORA??!!

 -Porra mulher! Eu venho aqui e esfolo meu rabo fodido por horas e você agora me vem com essa?

-VOCÊ SABE O QUE VOCÊ FEZ BLAKE! VOCÊ SABE O QUE FEZ! VOCÊ GOSTARIA QUE EU TIVESSE FEITO O MESMO?

 -Diabo mulher! Não sei... faça e ai eu descubro.

 Betty bateu o telefone e Blake voltou pra dentro do bar e seguiu trabalhando por mais uma hora e meia até pegar a grana e entrar no carro.

 -É Blake meu velho. A Shanon ta pegando no meu pé pra caramba por causa daquele lance.

-Nem me fala cara. A Betty ligou agora pouco, berrando e xingando...Elas NUNCA superam.

 -É.

Seguiram bebendo uma bud cada um até chegar em cofeville.

Carl desceu do carro, pegou as coisas no porta- malas.

-Valeu Blake, vou tentar dormir um pouco. Pelo visto hoje vai ser um dia daqueles.

 -Vou nessa também garoto. Encontrar meu infortúnio de hora marcada. Um verdadeiro voluntario à Aschwitz.

Carl subiu as escadas e deitou-se sabendo que as coisas voltariam à tona assim que acordasse.

Blake seguiu dirigindo e bebendo, sabendo que embora a primavera estivesse começando em todo o país, e o Sol começava a irradiar um dia de piscina, mas para ele, o domingo chegaria com uma chuva daquelas.




sábado, 15 de junho de 2013

Camisa 8 Canarinho






Camisa 8 photo soc2.gif

E quando a viu pela primeira vez, sentiu-se assim deslumbrado. Como aquele que vê o incrível frente aos seus olhos nus
Era ela como TUDO que ele sempre sonhara pra si.
Dona de  TUDO que ele sempre  pensou ser impossível conceber em uma só pessoa.
E imaginou-a rodopiando em seus braços, leve como a noite, sinuoso tal qual a fumaça que baila desafiadora e calada, na parceria da escrita.
Sonhou uma canção para ouvir com ela.
Alguém pra não mudar.
Alguém a quem não explicar
Seu jeito.
E quando a fitou com seus grandes olhos cansados, foi como ver as belas fotografias de Pi.
E ouviu sua boca sempre falante se calar.
E sentiu, a cerveja que sempre umedecera seus lábios se secar.
Percebeu-se pequeno diante dela, como quem mira o universo. Como um tigre a olhar o Oceano.
Profundo
Mágico
Infinito.          
E quando ouviu sua risada, constrita, ouviu os acordes de suas favoritas canções ritmarem com o rufar de seu coração, no ritmo acelerado das músicas gritadas que embalavam seus dias.
E também os dela.
Sentou-se à maquia e fez das letras seus pincéis e das palavras tintas que a eternizaram em aquarelas de luz.
Mas seu talento Goethico cunhado no atraso e na perda fez-se presente.
E como um voyeur no limiar do espaço lembrou-se menino a olhar a camisa 8 canarinho.
Que sonhou vestir e viu se transformar
Como a imagem dela                          
Oh! Deus! Como era bela.
Num retrato na alma para guardar.