terça-feira, 21 de agosto de 2012

TOMAHAWK

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  Fúrias eclesiásticas, surtos de psicose programados pra lucrar e terminando em palhaçada débil e triste. Gente boa indo embora pra NUNCA mais voltar de verdade e gosto de vinagre entrando pelas narinas no meio da noite. 
 Cobertor umedecido por acidente e renite crônica atacando o sistema respiratório, vitima do ar seco, das almas, secas do povo seco, dos comentários secos, das conversas pálidas, da cerveja morna e da fecal enxurrada de sandices as quais minha pobre e já dilacerada alma é obrigada a suportar por míseros níqueis, suficientes apenas para uma sobrevivência inglória e puída. 
 Penso nisso enquanto escuto lemonheads e leio Fante dentro de uma grande e gélida lata sacolejante, sentindo o frio a me carcomer os ossos naquela manhã. 
“Em que porra de lugar que me meti?” “Como deixei ficar assim?” “Por que ter de passar por isso Meu DEUS TODO PODEROSO?” 
Sou sacudido de meus pensamentos confusos e conturbados por um rabo saltitante que sacode miraculosamente belo em meio a embrulhos de lojas de departamento.
 SIM! Existe um céu em algum lugar e talvez possa ser tocado. 
Então desço as escadas, fumo mais um cigarro, o zilhonésimo terceiro da minha vida e vejo o Sol gelado ferir minhas pupilas habituadas demais aos ritos noturnos e me emergem as figuras pueris e angelicais e graciosas das dádivas que plantei e respiro aliviado o carbono dos caminhões, sorvendo das paredes de cobalto da cidade a essência que me fortalece pra lutar contra os que depositam nos animais toda a mentira que os rege em relação aos humanos. 
 Em frente à caixa mágica que transporta e emana idéias, sou atacado por vermes minúsculos, mas um bocado insistentes que com apenas um leve espanadar de dedos conjuro ao inferno. 
Salto como um anti-herói insano na penumbra focando apenas o que me é necessário pra escapar senão ileso, ao menos vivo disso tudo e encontro em lembranças o que é preciso. 
Então me sento, lembro de um bom escritor de poesias, talvez o melhor que eu conheça e bebericando de seu estilo como quem degusta um excelente carbonel, deixo as frases correrem soltas como lobos uivantes por estas linhas elétricas de papel.

Dedicated and sampled to “The soturn golden axe”


terça-feira, 10 de julho de 2012

Pior que um dia ruim

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 Estava em casa, numa manhã clara de junho quando o telefone tocou.
Era Ed Carter.
-Oi Cliff.
 -Ed! Quanto tempo cara.
-É...Ei você ta sabendo algo sobre...
-Não.
-Bom, disseram ai. Se souber de algo me ligue.
-Certo.
Desliguei o telefone, dei uma coçada no saco e disquei novamente.
-@#& co. é Letter...
 -Oi cara, é Cliff.
 -Opa! Que manda?
 -O Carter acabou de me ligar e disse...
-É verdade cara.
-Puta merda!
-É.
-Bom, sabendo de mais me ligue.
-Claro Cliff, eu sinto muito.
Desliguei e ai o baque começou a pegar. Diabos. Era mesmo verdade. Sai pra rua e tentei não pensar no assunto pelo menos por umas duas horas. Fiz academia, passei em mercados e vivi um dia tentando fugir da realidade.
Tomei um banho rápido, coloquei uma camisa de botão, que achei que era conveniente para o momento. Entrei no ônibus e as memórias vieram-me a cabeça como filme antigo e fácil de se gostar e sorrir.
 Cheguei ao centro encontrei Clyde sentado junto ao carro.
 -Cliff.
-Uma merda mesmo cara...uma puta de uma merda...
-Inacreditável.
-Vou precisar beber algo pra encarar.
-Eu também cara...Eu também.
Entramos no carro e rodamos por algumas quadras e as coisas começaram a piorar. Um sentimento horrível crescia dentro do peito. Inevitável e doloroso. Jermaine juntou-se a nós nessa caminhada rumo ao desfiladeiro de emoções que se anunciava à nossa frente.
Paramos numa alameda qualquer estacionando o carro numa vaga irregular mas que ninguém dava a minima pra isso numa hora daquelas.
Olhei muitos rostos ali e senti uma puta de uma ânsia de vomito.
 Cambada de filhos das putas!! Aproveitadores baratos, gentalha da pior espécie existente na crosta terrestre.
 Dei de ombros e encontrei Abby. Um semblante pálido e categórico da ocasião. Não tinha muito pra falar, então apenas um abraço disse tudo o que era possível sentir.
A pior coisa da morte é o fato dela estar lá presente e inerte a tudo e a todos. Não se pode pega-la e conversar com ela, ou leva-la a um bar para jogar cartas ou ver um strip.Não, simplesmente ela esta lá e NADA a pode confrontar.
Caminhei lento e sozinho e então olhei.
Até o momento era quase que inacreditável tudo aquilo mas agora...Era tangível e verosimílimo demais tudo aquilo.
Bee Bee estava ali deitado com seu mesmo sorriso de sempre. Mas não haveriam mais seus peidos, sua cara vermelha igual rola esfolada em momentos constrangedores em que eu usava de minha total falta de apreço social para deixar mais calmo. Era enlouquecedor e doloroso e forte.
 Apenas toquei-lhe os dedos como que me certificando do já certo.
Disse-lhe baixo junto ao ouvido gélido pra me esperar que em breve nops encontraríamos.
 Sai andando em direção ao primeiro bar que encontrei e pedi um scotch duplo.
Entornei em uma talagada e depois pedi outro e depois mais um pra tentar destilar aquilo.
Só restava chorar e esperar que o álcool ingerido pudesse dissipar a dor.
 Então, de mente mais clara e conformada, sentei-me à maquina e escrevi essas linhas como que em homenagem a esse cara e espero que ele leia de alguma forma e me escute e saiba que ninguém quer julga-lo ou condenar ou falar nada.
Apenas sentir uma puta de uma saudade e saber que as vezes os fins não bem diferentes do que nós imaginávamos

.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quinta-Feira

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 Blake sentou-se na sala, ligou o radio, acendeu um cigarro, colocou uma musica pra tocar e, enquanto se esforçava pra resolver alguns afazeres domésticos cantarolou a musica aparentando até certa alegria.
 Na verdade era mais CALMA que qualquer outra coisa.
 Acabou o que tinha pra fazer e encontrou uma caixa de fotos.
 Ele 15 anos atrás empunhando sua guitarra com uma metralhadora.
Os olhos detinham uma chama viva e feroz, um animal pronto a dar o bote.
VIVO.
Depois, viu-se com os bebês, suas alegrias. Ele era mais magro, não tinha tantos cabelos brancos, mas tinha mais barriga que atualmente e não sabia certos macetes, embora ainda tivesse muitos sonhos, que se desfariam com as areias do tempo, mas até então ele não sabia.
 ELE SIMPLESMENTE NÃO SABIA.
Então, a musica chegou ao seu ápice e ele entendeu com a certeza fria de um condenado à forca tudo o que era aquilo.
RESIGNAÇÂO.
Era tudo o que cabia pro momento.
Daí, ele trocou os garotos, deu um beijo em cada e saiu pra rua pigarreando e tossindo e sentindo o frio de maio tocando-lhe os ossos como dedos finos da morte. A rua mostrava o que era o mundo sem nenhuma maquiagem e ele gostava, ou se acostumara DEMAIS à isso que era assim que se sentia confortável. Depois, foi o ônibus, a luta na madrugada e a dor de dente.
A manhã chegou e a sala parecia ainda maior.
 Um cânion havia sido criado e talvez nunca mais pudesse ser cruzado.Blake lembrou da infância e do cânion.
 Um cânion, cruzado apenas por cordas quando necessário transporte de suprimentos ou informações. Cordas de carne e sangue
 TALVEZ, FOSSE SEMPRE ASSIM.
 Ela sentou em frente ao computador e o mundo ainda parecia bom.
 Ali, dentro de uma câmara hermética, não havia crianças, nem aquele cara rude
Era bem mais fácil viver assim.



terça-feira, 10 de abril de 2012

MENOS DELICADO QUE UM CRUZADO

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Chuck Ladner era um cara bacana. A maioria das pessoas que afundavam na merda junto conosco o achavam esnobe e meio lelé da cuca mas eu bem sabia que não era nada disso.

Chuck lecionava literatura brasileira num colégio bacana e escrevia contos realmente muito bons.

Se interessava por um monte coisas malucas como xamanismo e religiões afro e quando escrevia, falava de uma maneira fácil e bucólica, conseguindo te transportar pra uma casa de campo em palavras.

Conheci Chuck uns 12 anos atrás quando ele fazia umas paradas de circo e outras coisas assim.Nosso gosto musical parecido nos aproximou e também a nossa total falta de aptidão junto à massa humana que convivíamos à época.

Estava sentado no canto da sala cozinhando meu rabo sob um Calor dos infernos quando Chuck chegou.

-E ai Cliff.

-Como esta Chuck? Fiquei feliz em saber que você tava nessa parada.

-Por que?

-Da pra gente bater um papo. Sabe como é, não me dou muito bem com a maioria.

-Mas eu vejo as pessoas falando contigo.

-Eu enceno quase tão bem quanto o Jake.

-Ninguém ganha dele.

-Nem mesmo o De Niro.

-Li seus contos...Brutos.

-É...Eu não consigo ser agradável...Escrevo em pé, como se estivesse operando uma metralhadora. De certa forma estou sempre querendo destruir alguma coisa. Talvez eu mesmo.

-É só seu jeito.

-Eu sei e gosto dele. Sou menos delicado que um cruzado.

-Suas piadas são duras.

-A vida me forjou assim. Sou um boxer em atos e escritas.Você sabe flutuar em nuvens de algodão doce.

-Gostei disso.Vou encarar como um elogio.

O resto do dia se arrastou feito bosta na ladeira.

Antigamente ficaria ainda mais irritado com tudo isso, mas a idade te traz certos luxos, como o poder de ver estes tons cinzas apenas em nuances.

Até que me pareceu delicado.

Fui pra casa e li uma estória bacana de Chuck depois sentei à maquina e escrevi mais um pouco sobre mim mesmo.

Esquivando das durezas do dia e jabeando minhas idéias confusas.

Em pé, fumando e irritado.

Mas disso quem não sabe?




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

INTERURBANO

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Matt estava deitado no sofá já havia dias e as coisas pareciam que continuariam assim por um bom tempo.
A bem da verdade, nem mesmo ele sabia como tudo aquilo havia começado.
Pintou como uma coisa qualquer e foi crescendo feito massa de bolo com fermento Royal e depois que se deglutiu, o devorou como um monstro devora sua caça.
O telefone tocou e ele viu o numero.
Suspirou fundo e atendeu.
-POR QUE VOCÊ DEMOROU TANTO PRA ATENDER ESSA PORRA!? VOCÊ TEM QUE ME ATENDER, VOCÊ ME DEVE ISSO!!
-Tudo bem, pode falar.
-Ta uma merda aqui.
-Aonde você ta?
-Estou longe de você, estou numa boa, DA PRA CALAR ESSA MERDA DESSA BOCA E ME OUVIR?
-Manda.
-Eu estava bebendo num bar hoje à tarde e de repente chegou um cara ao meu lado. Ele era GRANDE, grande mesmo e forte e bonito, não era um matusquela igual você.
-Aposto que sim
-CALA ESSA BOCA SEU MERDA! É VOCÊ QUEM TA PAGANDO ESSA BOSTA DESSA CONTA?! NÃO! ENTÃO CALA A BOCA E ME OUVE.
-Siga.
-Ele era grande mesmo, chegou ao meu lado e me ofereceu uma cerveja.Acabei aceitando e ficamos batendo papo. Ele me disse que era estudante de direito, quinto ano.Me chamou pra dançar e colocou uma moeda na jukebox.
Você sabe que eu não sei dançar, mas mesmo assim nós fomos.
Ele começou mais a roçar em mim do que qualquer outra coisa e fui sentindo o pau dele crescer na minha barriga.Era grande. Você ta me ouvindo?
-Hum hum.
Matt subiu as escadas pé ante pé sem fazer barulho algum. Abriu cuidadosamente a porta do quarto e viu que Karen ainda dormia.
-Você ta me ouvindo Matt?
-To.
-Ótimo.Então. Daí, fomos andar um pouco pela cidade. Ele me convidou pra irmos até a sua casa e eu topei.ficamos bebendo mais um pouco e de repente fomos pro quarto.Ele me fodeu de verdade. Me bateu na cara e me tratou como um homem trata uma mulher. ELE NÃO ERA COMO VOCÊ SEU MERDA! Ta me ouvindo?
-Hum Hum
-Que merda é hum hum? Você ta com medo DELA? Você é um merda, um medroso. Não sei como pude passar todo esse tempo com você?VOCÊ TA ME OUVINDO? NÃO ME IGNORE!
-Tô.
-Volto pra cidade amanhã, vou ver a Sheila e depois talvez eu te ligue.Espero que me atenda, mas sei que vai atender.
-Sim
-Tchau, seu merda!
Desligou o telefone na cara de Matt e ele ficou ali, no andar debaixo sentado no sofá.
Levantou-se foi à cozinha, pegou uma cerveja, dois calmantes e atirou tudo goela abaixo.
-Quem era no telefone?
-Era Sara.
- O que ela queria?
-O de sempre. Espinafrar e xingar e me dizer que fodeu com um cara de pau grande.
-Hum.
Karen subiu e Matt voltou ao sofá.
Você não precisava ser um bêbado pra acabar machucado. Você podia ser um cara qualquer numa tarde besta e acabar se machucando e virando um bêbado. E Matt se machucara e machucara Karen e ignorara todos os conselhos e sabedoria angariada em anos.
E agora, fitando o concreto da sala, tentava, como tantos outros bêbados, encontrar o sono, que dificilmente apareceria.