sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

UMA PERNA QUEBRADA NA ALTURA DO JOELHO.

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O Cliff fuma demais, dois maços de cigarro por dia e dos paraguaios, os mais baratos e vagabundos já criados pela industria da pirataria, condenando seus pulmões á um triste fim antes dos 50 se ele chegar até lá.
Bebe quase toda santa noite, bebe pinga, bebe vodka, cerveja, rum, jurubeba, vinho, cortezano, enfim, qualquer coisa liquida e etílica que lhe chegue às mãos, levando seu fígado, pâncreas e billis a um teste de sobrevivência.

Mistura tudo isso a aminoácidos, creatina, estriquinina e outras porcarias e se taca numa academia.Tem o pescoço taurino e uma força bruta sem técnica alguma.Apenas uma vontade de saber que ainda consegue fazer aqule troço.

Saio pela rua, entro a direita e telefone toca. É um cara bacana, amigo de infância.

-Cara, da pra dar uma chegada aqui?

-Da sim.

-Beleza, então to te esperando pra almoçar.

-Em 10 minutos estou ai.

Chego e entro no escritório. É uma sala grande e clara como o Sol bem no centro da cidade.

Ele tem a aparência jovial e confiante. É apenas dois anos mais novo que eu, mas aparenta ter pelo menos uns 15 a menos. NÃO! EU É QUE APARENTO TER UNS 20 A MAIS!! Espelho, espelho meu, o balde de fezes que me coube...Os anos de trabalho noturno custaram-me os olhos da cara e a pele dos ossos.

-Cliff! Como vai camarada.

-Henry, seu malandro! Ta numa boa hein bicho!

-Cara, esse lance pintou e foi bacana mesmo.

Ficamos sentados ali um tempo batendo papo. Ele tem uma cabeça boa, um milhão de idéias.

-Não sei Henry...sabe, já estive varias vezes sentado em salas como essa, com um cara atrás da mesa e eu indo embora sem picas no final.

-Cara, preciso de idéias de um cara como você aqui.

Comemos bem e nos despedimos deixando algumas idéias no ar.

O Cliff não sabe se vestir usa calças acima do numero pra não compara skate wear. Usa cintos em petição de miséria, compra sapatos usados.

O Cliff não tem bons modos à mesa, não usa faca pra cortar pão, amassa a garrafa de plástico quando bebe água no gargalo. Ele ronca, ele peida, ele tem frieiras que já tentou curar, mas não consegue.

Tem tatuagens velhas e algumas delas são tão mal acabadas quanto tua própria cara.

O Cliff não passa em concursos, não vai bem em redação.Não se da bem com pessoas do alto escalão, mau se entende com as do médio e convive em meio ao baixo.

Ele detesta freiras, moedas, raquetes de tênis, shopping centers, comida enlatada, batidão, musica country, moda country, pessoas de um modo geral.Odeia gatos, peixes ornamentais, novelas, comerciais de novelas, atores de novelas e mais uma porrada de coisas que eu demoraria uma eternidade pra elencar.

O Cliff suja os dedos de merda quando troca a fralda dos filhos. O Cliff coloca a fralda torta nos filhos e depois, quando a fralda vaza, põe a culpa nas marcas que compra.

Ele é pai, é filho, é espírito de porco

Amém.

Saio do almoço e dou uma volta pelas ruas pra matar o tempo.

O strip tease da multidão é o filme de horror da humanidade.

Época de natal e todo mundo se embrenhando naquela selva de consumo insano e eu também faço parte.

Entro numa loja, compro carrinhos, selos e outras coisas e dou sorte de enconchar uma vendedora com cara de vagaba que esta desesperada por uma comissão.

Saio tomo uma cerveja, fumo um cigarro e cruzo o velho portão azul.

Ele esta no balcão com uma cara estúpida e feliz.

É um cara e tanto.

-E ai bebezão! Como estão as coisas?

-Numa boa Cliff e você?

-Levando cara, levando e seguindo.

Uma garota se aproxima, Gleed Mayers.

-Cara ela é mesmo um carnão.

-Sei lá Proc. Só a acho bonita, deve ser boa com uma piroca na boca, mas tem pernas que mais lembram a porra de um Galeto.

-Ela te acha um escroto.

-A maioria acha bebezão, a maioria.

-Ola Proc! Boas festas! Você não ficou chateado com o que eu te disse a tarde não é?

-Não.

-Eu só tava brincando.

-Eu sei.

Vou ficando cada vez menor em meu canto.

Um ser abissal, homem abjeto, de poucos amigos.

Ela me olha por pura educação que eu, sinceramente, dispenso.

-Oi Cliff.

-Oi.

Saio de fininho em quanto os dois conversam animadamente.

Pego uns papeis e me mando pra rua.

O Cliff mau paga as contas, vive pendurado numa corda bamba em empregos escrotos desde os 16 e não há de melhorar.

Não é nomeado nada alem de alcoólatra e viciado em corridas.

O Cliff lê revista de sacanagem, site de sacanagem, outdoor de sacanagem e passou a adolescência e parte da fase adulta espiando o mundo pelo buraco da fechadura.

Fica de pau duro em horas erradas e passa por situações que seriam constrangedoras se tivesse um mínimo de moral, mas ele é amoral, nem boa nem ruim.

Apenas ele.

Cliff Viajando na Jamaica a bordo de uma nuvem dourada, Uma estatua do Cliff bem no centro de ST. Bernardino com uma calça de general e chapéu de Napoleão. Cliff dando lambadas numa morena de rabo grande e olhos azedos. Cliff lelé da cuca preso pelas grades do mundo e se perguntando onde estava a sorte que lhe fora confiada e nunca lhe foi entregue.

O Cliff toca guitarra mal, e dirige ainda pior. Não sabe fazer baliza e quando estaciona o carro no mercado acaba pegando 2 vagas.

Paro o carro no portão e ele vem me atender.
É começo de noite e ele tem uma aparência bem disposta.

-Cliff meu nego! Até que enfim hein!

-Fala Clyde seu safado sortudo! Estaciona pra mim que eu não sei esconder o carango nesse mocó.

-Você é um braço duro mesmo.

-Nunca neguei.

Entramos e lá esta a velha confraria. Sam, Clyde Aby e Jermaine.

-Fala negão vadio.

-E ai Sam, seu puto!

-Você nunca mais me ligou, seu merda!

-Você mudou o numero de telefone narigudo imbecil!

Abro uma garrafa de cerveja dou um grande gole e ele chega reclamando.

-Vocês só sabem é encher a cara!

-Porra Jermaine, não fode cara! Beber não é pecado. Se fosse, Jesus não teria transformado a água vinho e sim em coca-cola ou suco Del Valle.

-Vai te foder!

-Me passa a porra do Peixe!

-Não chama o peixe de porra! Você come porra?

-Não, mas eu conheço uns bons safados que bebem.

-Pro inferno essa merda!

Continuamos ali bebendo e comendo peixe e rindo e vivendo o fim de nossos dias.

Asas de liberdade momentânea, jockeys do inferno chicoteando cavalos de fogo!

Cliff chora quando vê filmes e quando ele chora é aquela chuva de lagrimas.

Cliff já chorou em hotéis que eram verdadeiras espeluncas, chorou em quartos baratos e sem luz.

Cliff se apaixona em um minuto, se empapuça em 30 segundos e é capaz de te odiar em 5.

Ele não escreve um texto que preste a anos e ficou horas sentado em frente a maquina pra escrever isso aqui que no fundo ele sabe que é uma bela de uma merda mas foi o melhor que conseguiu.

Ele tem medo da zebra do fantástico, medo do Boris casoy, tem restos de cogumelo espalhado pelo estomago e um coração feito com peças velhas de um relógio qualquer.

E ele tem uma perna quebrada na altura do joelho que o impedira de se ajoelhar ante DEUS em seu miraculoso palácio hebraico no alto dos céus e o ouvir dizer ao menos uma vez.

MISERICÓRDIA

MISERICÓRDIA

MISERICÓRDIA

Meu velho safado...

Por você e por tudo que te fiz passar.

Entrei liguei a tv e vi Tyson arrancar a cabeça de Thomas com dinamites de direta.

Fui ao quarto tirei as calças velhas e deixei que a musica tocasse.

Era tudo o que restava a fazer.










quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

12 PREGAS

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Herbie me ligou na manhã de quarta dizendo que no dia seguinte conseguira, após longos 9 meses de aguardo, um exame que custava os olhos da cara, no serviço publico, mas era necessário um acompanhante pra encarar o troço e assim, fui selecionado

Levantei cedo, tomei os remédios matinais (maldito estomago que me fode como um gambá!) acendi um cigarro me troquei e sai pela rua com destino a um dia que poderia ter sido bem melhor.

Entrei no ônibus, desci no terminal e corri pra outra fila. (Preciso comprar logo um carro, minhas histórias tem se passado demais em filas de ônibus e lugares assim)! Então o telefone tocou.

-Aonde você ta Cliff?

-To mais adiantado que imaginava pai. A gente se encontra no metro.

-Certo

Desci do ônibus, subi as escadas rolantes, rolando feito bosta lá pra cima.

Parei na lanchonete e pedi um chapado. Sentei no banco e quando comecei a comer uma senhora sentou-se ao meu lado. Ela não tinha uma orelha. Era apenas um buraco com alguns pelos salientes. Olhei pro pão e pro chocolate. Não tinham mais uma aparência bacana. Talvez por causa da falta de orelha de minha acompanhante ocasional.

Paguei, dei duas dentadas engoli o chocolate e olhei o relógio da estação.

Segui pelo corredor e encontrei Herbie vindo pelo lado de baixo.

- E ai pai? Como ta?

-Numa boa, falaram que é um lance sossegado mas precisa de um acompanhante.

-Claro, vamos?

-Vamos lá pro lado de fora que tem uma linha direta e mais tranqüila.

-O que você disser.

Saímos da estação e fomos pro Sol. Herbie estava realmente com uma cara boa, de bermudas e camisa de gola em V. Herbie era um cara bacana alem de ser meu pai. Bruto durão áspero feito lixa 5 mas um patcha coração.

-E a Maggy? Já era mesmo?

-Dei-lhe um pé no rabo e ela aceitou. Não vou reclamar e dizer que foi só uma longa foda, mas não foi o amor da minha vida e já não dava mais.

-É, é mesmo.

-E você?

-Vou levando.

-Os guris estão um barato.

-Tão mesmo.

Ficamos ali na fila curtindo o Sol e olhando os rabos que passavam.

-Olha lá.

-Hum...

-Forte.

-É...

O ônibus chegou e entramos com todas as outras pessoas em direção ao hospital.

Entramos 10 minutos adiantados em relação ao horário marcado, entregamos os documentos e sentamos.

-Acho que vai ser rápido.

-Sem crise meu velho.

Um senhor de seus 80 anos chegou junto de um cara grande que mais parecia a porra de um índio mohawk.

- Ai? Esse é seu garoto?

-É.

Nos cumprimentamos e sentamos olhando os números no painel.

Um dia em hospitais, numa fila, vale mais do que bancos de faculdade em vários aspectos. Você esta lá, na beira do abismo, mas conta ainda com esperança e a fúria de um tigre velho, a ferocidade da proximidade do fim pra te fazer superar os desafios que estão por vir.

Por fim o nosso numero surgiu no painel e fomos até o local.

Uma morena alta de óculos e um insinuante par de coxas grossas nos atendeu.

-Sr. Herbie, o senhor será o próximo. Devo dizer que o senhor pode ter algumas complicações como desmaios ou queda abrupta de pressão.

-Não me disseram nada disso, mas esta tudo bem.

Logo na seqüência chamaram o amigo de meu pai. O vi ao lado de seu filho junto da morena que mostrava agora uma boa gama de coxas gesticulando loucamente e com um olhar aflito.

Veio pra junto de nós.

-Te disseram que é sem anestesia?

-Não.

-Cara, fiz esse exame uns 14vanos atrás a seco e sinceramente isso é desumano.

-O que é no fim das contas?

-Eles enfiam uma agulha grande pra diabo com uma espécie de micro chave turquesa na ponta pelo lado do teu rabo e vão até no fundo. Lá dentro cortam uns 12 pedaços. É como ser mordido por um cachorro dentro do cu!

-A seco?!

-Se derem anestesia, você leva de boa, mas a seco é praticamente homicídio.

Voltamos pra mesa da morena. Ela mostrava cada vez mais coxas, talvez tentando dar um alento, ou enganar o touro que seria abatido.

-Precisamos falar com o médico.

-Ele não se encontra sr. Herbie.

-Olha garota, eu não farei esse troço a seco de jeito nenhum.

-Talvez não doa tanto.

-O Tyson disse o mesmo ao Riddick.

-Hã?!

-Olha, se alguém entrar naquela sala e ter o rabo cortado internamente por uma turquesa, só 12 pregas, eu entro e nem faço careta, caso contrario eu me mando.

-Nesse caso teremos que remarcar pra uma data muito posterior.

-Nesse caso eu aguardo.

Saímos sob o Sol de dezembro olhando as compras de natal e o aguardo do bom andamento do serviço publico.





segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O AMOR É UM CÃO DOS DIABOS 5

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Blake olhou no espelho e percebeu mais uma vez tudo o que o tempo fizera com ele.

A pele marcada e a testa franzida, os olhos reduzidos à fendas, os cabelos brancos criavam um teto para um teatro queimado, uma bandeira de derrota ululante.

Caminhou pela sala e lembrou-se de quando pisava em carrinhos e bonecos. É... O tempo passara mesmo e agora, parafina, camisetas, livros e alguns cds ainda insistiam em ficar no chão, mas agora era diferente.

Olhou pela janela e os viu sentados à beira mar. Meu Deus! Eram fortes, belos, viris.Tinham um mundo pela frente e mãos duras para agarrá-lo.

Sentiu-se feliz como há tempos não ficava. Uma sensação de soldado honrado no campo de batalha que vencera o inimigo e cumprira sua missão com louvor.

Pegou a mala, os livros o note jogou dentro do carro e foi até a areia caminhando levemente.

-E ai rapaziada!
-Oi meu velho.

-Você vai mesmo pai?

-Estarei aqui ao lado Jamal, e sempre estarei com vocês. Toma! Uma cópia das chaves. A porta estará sempre aberta.

- Vamos ficar aqui com a mamãe um tempo pai, mas sempre estaremos lá.

-É claro Mike.

-Você segurou bem a onda, sempre nos livrou de tudo e todos.Obrigado.

-Escuta Hank, vocês são a luz no fim de tudo cara! Eu devo a vocês. Sem vocês eu não teria conseguido. Mas fico feliz em ver que vocês se tornaram homens incríveis, fortes.

Foram lhes tirada a atenção por 3 jovens que passavam desfilando minúsculos biquínis fio dental.Corpos jovens, bronzeados sorridentes, oferecendo-se aos 3 garotões dourados pelo Sol.

-Vejam isso minhas crias. Peitos, bundas, xotas, todas ai, loucas por vocês, mas tomem cuidados! Elas podem te matar. O Amor é um cão dos diabos!

-Velho depravado!

-Mandem um beijo pra Eleanor quando ela passar por aqui.

-Podemos ficar com o carro?

-O carro é de vocês Mike, eu vou ficar com a coisa.

Se abraçaram e sorriam. Espartanos, não se permitiam chorar embora fosse essa a vontade.

-A gente se vê no vovô Herbie semana que vem.

-Vai fazer o que agora velhão?

-Dar uma banda, acho que mereço.

-Merece sim! Abraço!

Blake ligou o carro velho e cansado saiu pela orla.

Poucos amigos, ninguém à sua espera.Apenas um holandês voador, um fantasma morta a anos.

Apenas um velho em busca de paz e se houvesse um novo amor na estrada ter cuidado pra não tropeçar.

Parou em frente à um puteiro barato e entrou.

Era um bom começo.

Em casa, comida à mesa, a cadeira vazia.

Sem a fala rude, sem gritos.

Betty respirou profundamente aliviada e enfim se permitiu sorrir.

FIM




quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O MAOR É UM CÃO DOS DIABOS 4

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Blake entrou em casa e viu a porra da pia suja e cheia de potes boiando como um naufrágio.

Devia ser pelo menos a milésima vez que ele via aquela cena diante de seus olhos e ainda assim lhe causava náuseas, ainda mais agora que o estomago de Blake após anos de pedreira, cachaça e outras porcarias começava a reclamar.

Foi à janela acendeu um cigarro, voltou começou a lavar a louça e ouviu Betty no quarto.

Era simplesmente inacreditável ver como os dois viviam.

Detestavam-se era bem verdade, mas tinham os garotos e havia Eleanor numa fase critica de inicio de adolescência.

Blake era um sujeito abjeto e estranho, mas assim mesmo e acima de tudo era um cara responsável pacas.

Prometeu pra si mesmo NUNCA deixar os guris sem a sua referencia, sem a sua presença.

Ouviu dentro de sua mente a voz de Herbie e Geena

“ERA PRA TER ACABADO HÁ TEMPOS, MAS SEGUREI A BARRA ATÉ VOCÊS CRESCEREM” ·...

Seria uma sina? Estaria ele condenado a viver dessa forma até o fim de seus dias?
Não soube responder, apenas foi a o quarto e viu os guris dormindo e sentiu-se calmo.
Eles eram como uma dopamina pra ele, um pedaço tangível de paraíso.

Levantou os guris uma a um enquanto ela se trocava também e ai, depois, enquanto estavam só os dois é que as coisas se tornavam ainda mais difíceis e insanas.

Ele se via no espelho e sabia que estava acabado e ela fazia questão de lembrá-lo disso sempre que possível e ela também já não era mais nada e ele a lembrava constantemente.

Tinham seus bons momentos e as fodas e até algumas alegrias juntos, mas sabiam intimamente que era como olhar uma vela se apagando.

Ela gritava e não era fácil segurar a barra.

Ele se calava e era difícil restistir.

Deixou o dia correr e se mandou pros treinos,

Ela se fechou em seu canto com seus hobbys e fingiu sorrir.












sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O AMOR É UM CÃO DOS DIABOS ³




Blake enfiou o pau no rabo com força e ela tentou escapar. Ele segurou suas pernas com uma chave de jiu. Tocava um Marvin Gaye bem baixinho de fundo no quarto.

Betty sentiu uma certa dor, era com se fosse rasgada, mas assim mesmo era bom.

-Uh...

-Shii..

Blake tampou-lhe a boca com um beijo e seguiu com calma e o troço foi entrando firme como um braço de bomba de óleo flu flub flub.

Foi em frente até que gozaram.

Pelo menos ele gozou.

Ele saiu de dentro e rolou pro lado
-Meu Deus! Meu Deus!
Blake não sabia exatamente o por quê, nem o que é que DEUS tinha a ver com isso, mas sempre dizia “Meu Deus” Quando gozava.

-Shi...Quer acordar os bebês?

-Uff.
Agora era a vez de Betty tapar-lhe a boca.

Ela se levantou foi ao banheiro se limpar e Blake limpou-se no lençol.

Levantou, passou a vista pelo quarto das crianças e depois foi pra cozinha fumar.

Olhou a pia com louça pra lavar, mas não se importou naquele momento.

Depois de uma boa foda as coisas costumam ficar calmas.Voltou pra cama e dormiu de conchas com Betty.

Acordou cedo no outro dia, abriu uma garrafa de vinho pela metade serviu-se de um gole.

Levantou os guris e ficou brincando com eles.

Era feliz demais com aquilo. Era uma hora onde esqueci das contas a pagar e das demais mazelas diárias que nos entopem de merda até os olhos.

Betty cozinhava couve ao molho Branco. Receita de Geena que sempre tratou bem de Blake.

Depois Blake amarrou o sapato dobrado na cama, se levantou chacoalhou os trocados no bolso, as chaves, o cigarro, deu um beijo em cada um dos guris, um em Betty e se mandou pro trabalho.

No caminho, olhava os rabos que passavam na rua e trocava olhares rápidos com os que correspondiam.

Sempre fora um tarado depravado, herança de Herbie talvez, talvez não.

Depois foi a manhã nascendo e ele voltando pra casa e chegando e vendo Betty comendo bombons e lendo revista contigo.

Quando o dia nasce assim e você ainda não deu uma foda, é por que de alguma forma te foderam.

Nessas horas, se olha e se pensa em juízo claro, mas deixa tudo pra lá, esperando que o dia seguinte amanheça com uma cara melhor.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O AMOR É UM CÃO DOS DIABOS ²




(PARTE II)

Herbie entrou em casa acompanhado de uma morena baixinha, cabelo franja anos 80 e um belo rabo. Sentaram-se à mesa e tomavam um bom café quando Blake entrou.

-Oi pai! Bom dia...?

-Susan. Então, esse é o Blake?

-É sim.

-Prazer.

-Meu também.

Blake foi pro quarto, ligou a tv e ouviu os risos vindos da sala.

Herbie era um cara legal e merecia uma segunda chance de ter um bom relacionamento.Torcia pra que Geena também encontrasse alguém legal.

Saiu pra rua e a noite estava fria.Sentado na praça viu um casal que não conhecia, mas que tinha mais ou menos sua idade com um gurizinho.

Blake sempre foi louco pro crianças, sempre sonhou com um “blakezinho” andando por ai.

Resolveu dar um passeio qualquer.

Foi até Sta Filomena, pra uma conhecida casa de 20 mangos.

Entrou, olhou algumas garotas já conhecidas, bebeu uma cerveja, mas não quis foder.

Saiu, entrou no carro, acendeu um cigarro, e chegou a uma casa de 200 mangos, mas também não se sentiu atraído à entrar.

Foi pra um velho bar na cidade ao lado e começou a assistir lutas velhas de boxe.

No final de uma delas, uma entrevista com a filha de Ali.

É...

Foi pra casa e ao entrar Herbie havia deixado um bilhete colado na geladeira dizendo que não dormiria em casa.

Deitou-se, tentou dormir, mas foi em vão.

Sentia-se apertado na cama, como se tivesse 3 metros de altura de uma hora pra outra.

No outro dia, ao chegar no trabalho ligou pra Geena.

-Oi mãe! Como vão as coisas?

-Bem, numa boa mesmo.

-Acho que vou dar uma passada ai amanhã.

-Hum...Não vai dar. Vou sair.

-Tudo bem.

-Quero que você venha conhecer o Norman qualquer hora dessas.

-Então meu novo papai chama Norman! Legal! Só espero que o sobrenome não seja Bates.

-Hehehe...Bobo! Não é não. E você filho?Nunca mais viu a Becky? Ou a Millie?

-Millie mudou-se pro interior e a Becky não da mais.

-Hum...

-Bom, no próximo domingo vou ai ver o Bates.

-Não avacalha! Beijo Filhote!

-Beijo mãe.

Blake passou o resto do dia matando tempo no trampo até a hora de sair.

Saiu, passou em casa, tomou um rápido banho e se mandou.

Vagou pela madrugada vadia até acabar a noite com uma puta qualquer de 20 mangos num motel boqueta do centro.

Acordou com uma ressaca braba e ao ir à padaria comprar uma Tonica encontrou Betty.

Betty era magra, baixinha e tinha um rabo empinado e alegre.

Conheceu Betty melhor quando estava fodido com a perna podre e ficavam papeando um pouco enquanto ela cuidava de sua filhinha Eleanor.

Betty, sempre estav com sua cria e isso era bom. Maternidade, algo que supera barreiras e quebra algemas.

-Oi Blake.

-Oi Betty.

-Nossa sua cara ta horrível!

-É assim desde 78, nunca consegui arrumar.

-Tonto!

-É...Noitada e álcool...Acaba com qualquer um.

-Talvez já seja hora de sossegar o facho.

-Pode ser.Até mais.

-Até.

Blake pegou a Tonica, cigarros, aspirinas, chicletes e foi pra casa sentindo o rabo murcho e mole.

Estava ficando velho pra gandaia.

Entrou em casa e se olhou no espelho.

Detestava moedas, freiras, mickey mouse, musica country.

Detestava comida enlatada, festas de natal, musicas de natal, natal.

Cutucava o nariz com o dedão o tempo todo, bebia vinho em garrafão, tinha hemorróidas e frieiras.

Não tinha Deus, não tinha planos, era apenas uma pedra jogada no rio.

Era um cara estranho, bruto e opaco tal qual madeira.

Sua cama parecia menor que na noite anterior.

Herbie entrou com Susan e sorriu pra ele no quarto.

Depois, Mandy, sua irmã, chegou em casa com Billie e os quatro saíram pra uma pizza.

Blake foi pra Watermellow bar e encheu o caneco.





terça-feira, 22 de novembro de 2011

O AMOR É UM CÃO DOS DIABOS¹




(PARTE I)

Blake acendeu um baseado e sentou-se sozinho no alto daquele morro naquela manhã cinzenta de outono. Deu um trago, segurou a fumaça no peito e depois soltou junto de um pigarrear.

As coisas estavam estranhas em casa.Parecia que a casaca do ovo se romperia a qualquer momento e as pessoas já não mais se suportariam. Blake já era um cavalo velho o suficiente pra entender o que tava rolando e assimilar o golpe como um bom pugilista, mas assim mesmo, era meio doloroso.

Desceu do morro e foi pra rua. Encontrou alguns camaradas e depois foi pra casa. Tomou banho e foi trabalhar, ao chegar Geena veio falar com ele.

-Blake! Vem cá filho.

-Oi mãe? Que foi?

Blake adorava sua mãe. Sempre foram mais amigos que mãe e filho e sempre se conversaram abertamente.

-To indo embora guri.

-Diabos mulher! Não precisa ser assim!

-Não da mais pra mim.

-Bom...Eu nunca ficaria contra uma vontade tua. Mas não acho que seja o melhor a fazer.

-Eu sei que não, mas é assim que será.

-Ta certo então. Te levo até east side.

-Tudo bem.

Foram ouvindo Minnie Riperton e outras coisas velhas da motown pelo caminho.

-Sabe...Se não fosse por essa motown acho que você não estaria aqui hoje.

-Também acho.

-Não era assim que eu planejei filhote.Espero que você entenda.

-Claro mãe...Claro.

-Já era pra ter acabado há muito tempo, mas eu segurei a barra até vocês crescerem sabe...

-Sei.

-todo começo é bom, mas amarga do meio pro fim.

Chegaram à east side e Blake desceu as malas dela em frente à porta.

Abraçaram-se fortemente e Blake não teve nenhuma vergonha em chorar.

Despediram-se e Blake acelerou rumo ao centro.

Entrou num puteiro mequetrefe e fodeu.

Gozou amargo e grandioso e depois foi pra casa.

Entrou na sala e viu Herbie olhando a janela.

-Oi garoto.

-Oi pai.

-Ela foi embora né? Bem...Diabos...é assim e assim.

-É.

-Sabe garoto, já era pra ter rolado há tempos, mas eu segurei a barra até vocês crescerem.

-Entendo.

Blake gostava muito de Herbie.

Era um homem duro e amargo porem, justo e companheiro.

Tinham muitas brigas isso era bem verdade, mas era um grande cara e acima de tudo um grande pai.

Herbie pegou o cachorro e foi pra rua.

Blake foi à janela, acendeu um cigarro e prometeu-se em silencio nunca passar por isso.

Sempre haveriam os puteiros mequetrefes, os bons, o poker e outras coisas que o livrariam.

Com ele seria diferente...



segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Matando tempo.






Entrei no salão, e sentei lá no fundo. Depus minha bolsa sobre a cadeira e depois me levantei indo até a bancada.

As coisas haviam mudado um bocado naquele lugar.

Muitos rostos novos. Gente e mais gente enfim, um show de horror.

Catei meu pão e me mandei lá pro fundo e sentei quieto e contrito.

Não havia nada que pudesse ser feito pra que aquilo melhorasse.

Ouvi passos atrás de mim.

Era Doug Paterson.

Doug era um cara comum, com um rosto comum num lugar incomum como aquele.

Muita gente não gostava de Doug. Eu não tunha nada nem contra nem a favor.

Sinceramente eu não o conhecia o suficiente pra ter uma opinião formada.

-Ei Cliff. Li seu blog. Cara, nunca imaginei que você escrevesse.

-É.

-Realmente é bom. Eu costumo ler bastante e ali tem coisa de qualidade.

-Obrigado cara.

-Não sei como você não foi consagrado.

-Consagrado eu fui como alcoólatra e viciado em corrida de cavalo.

-To falando sério.

-Eu também.

-Vou nessa cara.

-Falou.

Doug levantou-se e foi embora e continuei ali sentado mascando aquela massa insosa e olhando as pessoas.

Realmente eu não fazia parte daquele universo e talvez de nenhum outro.

Olhava as pessoas, os rostos e nada me dizia nada.

Levantei peguei minhas tralhas e me mandei.

Só pra matar tempo e encher lingüiça no papel.

Que você pode ler se quiser.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Contra todos os prognósticos



Realmente não sei onde errei ou, talvez eu saiba e seja mais confortável dizer que não. Ponderar o imponderável seguir com o palpite louco contra todos os prognósticos, ignorando de uma forma irascível e solene todo o conhecimento angariado por anos de cabeçadas hípicas e outras etílicas e mais algumas banais.

O resultado só poderia ser este. Viola em caco e banca quebrada na aposta placê.

O doloroso não é a volta na chuva com os pés molhados em poças.

O Doloroso é saber dos terceiros envolvidos

Isso Dói pra caralho...

Mas de qualquer forma, resta voltar e tentar encontrar alguma coisa que faça seguir em frente.

Às vezes isso conforta e às vezes, isso se torna uma busca tão frenética e insana que, sinceramente, da vontade de parar e mandar tudo à merda.

MAS HÁ OUTROS QUE PRECISAM DE VOCÊ.

Então, você vai e entra naquele velho salão escuro, conhecido de seus olhos e busca por alguma novidade, mas elas não estão lá.

Apenas o velho ranço, as coisas espalhadas de forma desconexa e aparentemente, deixadas ao léu de forma proposital, apenas pra te deixar ainda mais emputecido.

Então, as mãos percorrem o conteúdo dos bolsos puídos, por anos de sujeira, fuligem e sabe lá deus o que mais e encontra o velho bilhete.

Uma aposta feita contra todos os prognósticos.

Uma aposta no azarão tentando, em vão lançar-se ao céu em um só salto.

Uma aposta que só poderia dar em merda.

Agora, é banheiro, cigarro e uma música pra ouvir.

Olhar as pernas e saber que ainda resta força pra levantar, sacudir a poeira e seguir em frente.

Contra todos os prognósticos e vencer.

Só por saber que você ainda tem algo que vale a pena pra mostrar.





terça-feira, 27 de setembro de 2011

30 Centímetros.






Acordei, levantei da cama, acendi um cigarro e depois sai pra rua. Era um dia claro e ameno de outono. Fernando Henrique Cardoso era o presidente do Brasil na época.

Abri minha caixa de correio e havia muita porcaria que joguei fora sem ao menos me importar. Contas, artigos de oficina e outras coisas, que devido ao meu estado físico prejudicado em razão de uma cirurgia de joelho não me eram interessantes no momento, mas uma me chamou a atenção.

Era de uma leitora de meus contos. Chamava-se Vera e era mesmo uma boa cara.

Trocamos correspondências e telefonemas. Sua voz era grossa e um pouco rouca, mas tinha uma timidez sexy e atraente. Era corpulenta, mas não chegava a gorda. Uma campeã dos meio pesados. Seios grandes e redondos e um cabelo negro como a noite.

Por fim, acabou acontecendo de uma forma qualquer.

Marcamos um encontro.

É claro que seria uma coisa normal e tal, mas algo não me cheirava bem e tempos depois eu iria descobrir.

Nos encontramos num bar meia classe em west zone.

Ela chegou linda e por mais incrível que possa parecer estava interessada em mim em essência.

Talvez um prazer pelos bêbados e derrotados, quem sabe.

Eu dirigia um velho italiano vermelho que vira e mexe me pregava peças e ela chegou a bordo de um francês zero quilômetro.

Conversamos e era um papo agradável.

Disse-me ter acabado de sair da faculdade e cursara artes cênicas em uma faculdade cujo valor da mensalidade poderia pagar todo o meu ano.

Senti como se perdesse ali, uns 20 cm de altura.

Olhei pro meu carro e o dela e mais 10 cm me deixaram...

Minhas roupas puídas e gastas, contrastavam com as dela, importadas de algum quinto dos infernos indianos de Bali.

Trocamos um beijo e depois outro e comecei a beber um scotch enquanto ela tomava um suco de grapefruit.

Na hora de se despedir entrei em meu carro e ela no dela.

Rumei pra east side sentido o banco do carro estranho. Parei num semáforo e coloquei-o mais à frente.

Dias depois ela me ligou e que fosse até sua casa.

Quando ela me deu o endereço senti que mais ou menos uns 50 cm de altura me deixavam, mas assim mesmo me sentei na velha jabiraca e me mandei pra lá.

Ajeitei o banco mais à frente novamente. Estava realmente diminuindo.

Quando cheguei era um GRANDE condomínio de luxo. Fui barrado na entrada por um segurança brutamontes e com cara de estúpido, mas com um corte de cabelo da moda.

Falei meu nome e aguardei

Aguardei...

Aguardei...

Até que ela apareceu.

Pediu que eu entrasse, mas quando olhei a grande alameda com cactos importados lá do cu das florestas peruanas, senti que estava ainda menor e não pude.

-Vera.

-Sim Cliff.

-Olha, eu te acho uma mulher fantástica, mas acho melhor pararmos isso por aqui.

-Por que?

-Você pertence a um mundo que eu não conheço e não tenho ticket pra entrar.Esse lance pobretão na alta roda só da certo em Hollywood.

-Isso não tem nada a ver.

-Tem sim. Adoraria ficar com você, realmente, mas não dá.

-A gente ainda se fala?

-Sim.

Olhei pra trás e vi o grande portão se fechar e seu vulto sumir.

Tentei entrar no carro, mas não consegui.

Estava medindo cerca de 30 cm de altura.

Corri pela alameda vendo tudo extremamente enorme, como era na verdade.

Imaginei o futuro. Eu sentado em uma larga mesa de jantar e enquanto Vera e família mostravam os diplomas eu não tinha nada além de uma rola preta, dividas, grilos e uma cuca fundida.

Vi um bar e entrei.

Ninguém me notava.

Esbarrei numa garrafa de cerveja que quase me matou ao cair sobre mim.

O liquido me banhou e ganhei uns 20 cm.

Dei um gole, lambendo o balcão como um cachorro faminto e consegui um pouco mais de tamanho.

Vários goles após, eu já era dono de meu um metro e oitenta novamente.

Entrei no carro e dirigi até uma velha avenida já cantada na década de 60.

De volta pra minha altura normal, meu mundo normal, minha vida normal.

Jogado no meio do lixo e de pessoas anormais.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Observações sobre canções que cortam em momentos despretensiosos

(Ou só um dia pra chorar)


Já tinha uma boa pancada de dias que Blake evitava a maquina de escrever como se ela fosse feita de algum tipo de câncer, algo visceral e maquiavélico como uma chaga infernal.

Estranho. Blake sempre gostou de escrever. Na verdade, era uma das únicas coisas que ele conseguia fazer com alguma decência na porra da vida, mas naqueles últimos dias ele fugira dela.

Falta de inspiração, uma grande maratona de cinema e cansaço e seu respeito pela máquina era tão grande que ele não gostaria de sentar-se junto a ela de cabeça vazia.

Acabou acontecendo assim, numa manhã qualquer de agosto. Ele se olhou no espelho e percebeu o quanto estava velho. Não que isso fosse uma surpresa pra ele, mas naquele momento tudo lhe pareceu ainda mais claro que de costume.

O copo com scoth deposto sobre a mesa, e o barulho vindo do quarto...Foram como uma bala no peito.

Que porra havia ele se tornado?

Será que o velho caubói só esperava pela ultima bala pra ser mandado pro inferno e descansar sua torturada alma em paz?

Será que era isso mesmo o que tinha guardado pra si?

Não soube responder uma velha pergunta que já se havia feito inúmeras vezes antes.

Algumas pessoas subiam e sumiam de sua vista e agora, quando o olhavam, era como se vissem um exótico animal.

Ele nem dava mais a mínima. Nem valia a pena.

A brasa do cigarro queimou-lhe o dedo e ele acordou.

Pelo menos ainda era capaz de sentir dor, o que era algo bom.

Foi ao quarto e olhou. Ouviu o som do despertador que pra ela não era nada.

Voltou à sala e ligou o radio.

A musica começou a tocar e não restou nada a fazer alem de chorar.

Por ele mesmo e por tudo que foi.

I hurt myself today

To see if I still feel

I focus on the pain

The only thing that's real

The needle tears a hole

The old familiar sting

Try to kill it all away

But I remember everything

(Chorus)

What have I become?

My sweetest friend

Everyone I know goes away

In the end

And you could have it all

My empire of dirt

I will let you down

I will make you hurt..

I wear this crown of thorns

Upon my liar's chair

Full of broken thoughts

I cannot repair

Beneath the stains of time

The feelings disappear

You are someone else

I am still right here

(Chorus)

What have I become?

My sweetest friend

Everyone I know goes away

In the end

And you could have it all

My empire of dirt

I will let you down

I will make you hurt

If I could start again

A million miles away

I would keep myself

I would find a way





terça-feira, 19 de julho de 2011

Pequeno Delírio Dominical.






Levantei vesti minhas calças, abaixei pra amarrar os sapatos e pensei “DEUS TODO-PODERES O QUÊ MAIS AGORA?” Sai correndo pro banheiro e vomitei.

Depois, escovei os dentes e vomitei de novo e pronto. Era isso.Sempre foi assim.

Liguei o radio e a voz de Greg Dulli me chegou aos ouvidos, mostrando que as coisas poderiam ser, ao menos, embaladas por uma boa trilha sonora.

Cruzei a avenida, peguei o ônibus e cheguei ao centro.

O dia amanhecera claro e ameno, mas isso, sinceramente, não me valia de porra nenhuma.

Entrei, sentei no canto mais escuro do refeitório e mastiguei um pão que mais parecia um pneu de trator.

Sai, acendi um cigarro e Molly veio falar comigo.

-E ai Cliff. Ta preparado.

-To nada, não me liguei nesse lance, mas vou até lá pra ver no que dá.

-O Sam ta só o bagaço. Também ta desanimado com isso.

-É...Pra gente não é fácil. Bom, eu vou tomar alguma coisa antes pra acalmar os nervos.

-Não vá chamar o Sam!

-Não vou, fica tranqüila.

-Sabe, você e o Clyde são caras legais mas...

-Não somos boas companhia.

-É quase isso.

-Você ta certa mulher.

-Boa sorte Cliff.

-Vou precisar garota.

Molly era uma boa mulher e cuidava bem de Sam. Ele tinha sorte por isso.

Precisava matar um pouco de tempo e fiz a ÚNICA coisa com sentido.

Fui até o bar mais próximo, e enquanto Dereck Milss tomava uma vitamina entornei dois scoths com água.

-Caramba Cliff! Logo cedo?

-Pra mim é tarde, to virado, e no mais é bom pra acalmar os nervos.

-Pode ser, mas não é a minha. Vem que eu te dou uma carona.

-Valeu cara.

Rumamos seguindo o Sol e chegamos ao tal local.

Um monte de pessoas, rostos e mais rostos.A maioria me causava náuseas.

Subi a rampa e bati um papo rápido com Mike e Roger.

Ambos pareciam calmos e lívidos. Eram boas almas. Tinham alguma chance.

Depois foi descer as escadas e entrar em fila.

Neste trajeto, cruzei com uma garota que conversei apenas uma vez na porra da vida e foi o suficiente pra criar ódio mutuo.

Mulheres. Simplesmente não dou sorte com elas.

Encontrei meu lugar junto à cadeira com meu nome e sentei.

Comecei como de costume e a velha sensação de confusão mental, desperdiço de tempo e alma me consumiu.

De certa foram não fazia muito sentido estar ali. Talvez se tivesse ficado em casa seria melhor ou, se tivesse parado no puteiro da esquina e tivesse torrado alguns nickeys dando lambadas numa loura oxigenada fosse melhor, mas aquilo valia uma melhora de quase 700 pratas nos ganhos e isso era um bom motivo pra estar ali.

Senti minha vida pendurada num gancho, como sempre esteve. Minha alma a perigo. Com a grana viria o convívio com mais gente que me detestava e que eu execrava feito merda.

Pensei nisso e me senti melhor e deixei que as vagas lembranças me guiassem pelo papel.

Com da primeira vez, não tive sorte, mas fui em frente assim mesmo.

No fim, escrevi um texto que considerei bom. Muito longe do que eu gostaria, mas era o Maximo que se podia fazer ali.

Caminhei pela alameda e segui até o ponto. O sol batia forte e minha garganta estava seca feito areia.

Cheguei no ponto e encontrei Sam.

-E ai meu velho! Com foi?

-A mesma merda da outra vez Cliff, mas que vá tudo a merda! Ta um calor do inferno.

-Isso pede uma gelada.

-É claro.

Desembarcamos no primeiro bar descente que encontramos aberto no domingo e brindamos a cerveja que era aberta por uma garçonete de rabo grande.

-Bom, é isso e isso Cliff.

-Cara, sinceramente não ligo pro que vai dar...Sabe não é como ter uma perna amputada se perder essa...Da primeira vez doeu, mas agora não faz mais tanta falta.

-Tem gente que se não conseguir vai acabar arrancando os braços.

-Sei disso e é foda.

A garçonete voltou trazendo um bom par de seios pra se olhar naquela manhã.

É claro que era tudo loucura, é claro que sabia que era um peixe-piolho na carcaça da humanidade, mas sabíamos nosso lugar no mundo e isso era uma dádiva dos deuses, é claro que muitas pessoas só veriam o que gostariam de ver e espinafrar e falar sobre nossas cabeças e é claro que estaríamos ali, dando um eterno FODA-SE pra toda aquela baboseira.

Sorrimos, praguejamos, e vivemos aquele momento de homens livres numa manhã com o Sol sobre nossas cabeças sem julgar erros, acertos ou nada.

Coisas assim são pra viver, momentos assim, são pra curtir e se você encontrar 10 bons parceiros de copo em sua vida, se dê por satisfeito.

Continuei ali, com meu cigarro pendurado na boca, os olhos reduzidos a fendas, emoldurados por óculos escuros cafonas, mas que me faziam bem.

-Hey Sam! Você viu que rabo dessa garçonete?

-Porra! Será que não da pra ver nada alem disso?

-Tenho medo. O resto geralmente é problema.

Sorri pra garçonete na hora de pagar a conta e ela sorriu de volta.

O que, no fim das contas, não era nada mal.



segunda-feira, 27 de junho de 2011

A fofoca escarlate





( Uma história perdida no tempo)

Blake entrou pela porta grande de vidro, dirigiu-se à mesinha de lado, pegou um copo e serviu-se de café. Era uma noite besta e sem lua, como muitas que já vivera em sua vida.

Amelle sentou-se ao seu lado e começou a falar. Amelle sempre falava, falava, falava...Falava pra caralho, fofocava como do demônio num programa de tv.

-Hey Blake! Soube da Becky?

-Não.

-Ela esta grávida.

-Não tenho nada a ver com isso.

-Claro que não! Agora ela esta casada com um musico!

-Que bom pra ela.

-Achei que você gostaria de saber.

-Diabos mulher, eu não tenho nada com isso.

-Mas vocês passaram tanto tempo juntos...

-Passado. Eu era outra pessoa, ela também.

-Ta bom! Não precisa se irritar.

-Não estou irritado. Só não tenho nada com isso.

-Achei que vocês ficariam juntos.

-Mas não ficamos.

-Por que?

-Diabos! Sabe-se lá Deus o porquê.

-Vocês formavam um casal estranho.

-Eu sou estranho.

-Ela esta casada com um musico.

-Que bom! Tomara que ele toque canções de ninar pro bebê.

-Achei que vocês ficariam juntos.

-Mas não ficamos.

-É.

-É...Adeus Amelle.

-Adeus. Não fique irritado.

-Já disse. Não to irritado. Fico feliz por ela, espero que ele seja um cara legal.

-Espero que ele não seja um beberrão como você.

-Eu também.

Blake não estava irritado e isso era verdade, mas as pessoas sempre falam de mais sobre assuntos que não tem nada a ver e isso era realmente irritante.

Blake levantou, depôs o copo de café na pia, lavou-o e depois foi pra rua.

Entrou no carro e por mias que não fizesse o menor sentido começou a pensar no assunto.

Becky e Blake viveram uns tempos juntos. Entre idas e vindas foram uns bons anos. Becky era uma ótima foda e ainda mais um bom papo. Tinha um bom gosto musical e lia Asimov. Mas, de uma foram ou de outra entre essas idas e vindas Blake sempre acabava se machucando.

Conheceram-se de uma forma estranha e sem nexo, como todas as passagens dele.

Ela era uma sonhadora, o mundo parecia ser mesmo um lugar fantástico enquanto Blake...Bem, Blake era uma pedra bruta e opaca.Um sujeito realista demais pro fantasioso mundo de Becky.

Becky agora seria mãe e Blake não era o pai e vinham contar isso pra ele.

O pai era um musico como disseram e Blake ainda escrevia seus contos

Talvez, alguns imaginassem que os dois ficariam juntos, mas Becky havia chutado o rabo bêbado de Blake no momento mais cruel de sua vida e mais que os bons momentos Blake se lembraria disso pra sempre.

Por fim, numa briga besta qualquer, onde Blake poderia ter baixado a guarda ou ela baixado a dela as coisas se acalmariam, mas não foi assim e o tempo passou.

Blake sempre fez as coisas do seu jeito e nunca se arrependeu disso e assim essa história se perdeu no tempo.

Nos primórdios, Blake escrevera muitos textos pra ela. Alguns de amor e outros de ódio. Agora era esse.

Desejando uma boa sorte em seu caminho e um fraterno Adeus.

O carro saiu tranqüilo pela rua e Blake bebeu.

Não por tristeza, ou felicidade, ou nostalgia.

Bebeu por ser o velho bebum que sempre fora.

Mas que sempre fizera tudo do seu jeito.



sexta-feira, 17 de junho de 2011

Uma Breve Temporada No Chalé Da Alta Classe




De todas as coisas sem sentido que já aconteceram na minha vida essa foi uma que mereceu atenção especial e uma menção honrosa.

Não sei como e, por favor, não me pergunte por que me colocaram junto daquele pessoal.

De início, É CLARO que fiquei temeroso.Eu só havia visto isso funcionar nos seriados da tv e no cinema, mas aqui era REAL.

Fui colocado pra passar alguns dias junto de Cindy St Tropes, Scott Bunkertoon e Molly Walsh enfim, toda a alta classe daquele local.

Eu conhecia Scott vagamente e sabia que ele era uma fraude. Ele morava próximo a mim e era um fodido em regra, porém Scott tinha um bom sobrenome e tinha certa classe embora, eu sabia BEM que porra ele era.Um tarado completo e, mesmo que não conseguisse nada, era sempre bom trabalhar com uma mulher como Cindy ao lado.

Cindy era o que podemos chamar de um carnão. Alta, magra, esguia feito cobra, um shape 6’11 Town & Country. Scott lançava as tentativas mais fajutas desde a reeleição de Bush filho, tentando saborear aquela fineza.

Eu estava sentado no banco de trás e via os longos cabelos de Cindy presos em rabo de cavalo, suas ancas firmes e, ficava de pau duro como qualquer imbecil.

-Soube que você escreve Cliff.

-É...Eu rabisco algumas coisas.

-Disseram que você fala muito sobre mulheres.

-Sim. Não da pra escrever sobre hidrantes ou tinteiros vazios.

-Heheeh, vou dar uma olhada. Se eu gostar vou querer uma história minha.

-Tudo bem, mas não me culpe pelo resultado. Talvez eu escreva “The ballad of Scott & Cindy” como uma versão da musica dos Beatles.

-Eu fui ao Cavern Club quando estive pela Europa.

-Aposto que sim.

Paramos pra comer num bom lugar. Olhei pros lados e vi as pessoas. Eu era um peixe fora d’agua. Mal sabia segurar um talher. De repente um outro carro para e vejo Molly Walsh saltar sorrindo e ao lado estava Sam.

-Ola Cliff.

-Ola Molly.

-Cliff! Seu negro safado.

-Sam! É por isso que você sumiu! Ta andando na alta agora.

-Não tem nada a ver, só acabou acontecendo de vir parar aqui.

-Olha cara, isso é bacana e tudo, mas não é a nossa. Isso é a hype e agente não passa de um bando de pinguços falidos.

-Nós temos ALMA Cliff.

De repente achei que Will Smith iria entrar pela porta ao lado do primo Carlton. Deu a louca em Bel Air e os vagabundos chegavam até ali, trazendo suas gingas e suas histórias malucas de bebedeira e glória.

Scott pintou com um sorriso depravado e maluco.

-Cara, a Cindy é mesmo muito gostosa.

-E Disso quem não sabe porra!! Mas não é pra gente. É claro que todo vagabundo pé quebrado que nem a gente sonha com isso, mas ela é uma garota tipo comercial de cigarro carlton, com uma praia e uma xícara de chá. Com essa tua cara de tarado delinqüente juvenil as coisas ficam difíceis.

-E você tem uma puta cara de bebum, mas conta boas histórias.

-Mas nem sonho, fico na minha de pau duro na mão.

-Essa merda dessa trolha de meio metro.

-Meio metro, mas não paga restaurante nem corrida de táxi.

-Eu tou dando duro nisso, acho que tenho uma chance.

-Olha Scott, você é um cara bacana e tal, mas não é um Gentleman.

-Que nada.

E assim, seguiram-se os dias, e pra falar a verdade eram pessoas legais e espirituosas.

Quando o inverno chegou, eles se mandaram pra Malibu e Sam, perdeu seu lugar ao Sol junto ao mundo hype.

Voltamos pro nosso canto fodido e bêbado pelas ruas noturnas do centro.

Scott continuou ali, mas acho que ainda esta tentando alguma coisa sem sucesso.




quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um lugar pra se estar.




Dei uma longa e demorada cagada, depois sai e olhei pro pátio. Devia haver umas 50 pessoas lá e eu não me dava bem com nenhuma delas e a GRANDE maioria delas simplesmente me detestava, porém eu precisava matar duas horas e meia e era de manhã e era difícil matar as horas enquanto os bares não estão abertos.

Atravessei a rua, subi a alameda e cruzei a mureta baixa, e bati na porta.

Era um escritório pequeno e aconchegante e lá trabalhavam duas pessoas realmente bacanas.

Jerome era um negro velho, mas que aparentava muito mais jovialidade que a maioria dos garotos por ai. Sempre sabia das coisas, sempre tinha uma opinião pra dar a respeito de qualquer assunto. Chamava a todos de “Young man” e tinha um ar austero e puro.

Sua companheira de trabalho era Tina.

Tina era uma menina com cara de maluca e um papo agradável e meio avoado. Tinha um zilhão de idéias na cabeça ao mesmo tempo e fumava como uma chaminé.

Tina era casada com Boris.Boris era um velho texano de pele vermelha. Boris era um cara sortudo. Tina era bonita e tinha um corpaço.

-Cliff my Young man! Como vai?

-Levando Jerome. Precisava matar umas duas horas e vim ver se dava pra ficar aqui.

Tina estava arrumando os cabelos no espelho e se virou mostrando que a forma ainda era das melhores.

-Cliff! Que bom te ver. Você andava sumido.

-É gatinha...Uma correria dos infernos. Tenho trabalhado feito um camelo. E o Boris como está?

-Velho e ranzinza como sempre.

-O Boris é um mesmo um velho pimentão sortudo. Você esta ótima Tina.

-Obrigado Cliff! Vou fazer um café.

Tina foi fazer um café enquanto eu descalçava as botas e me recostava no sofá.

Jerome folheava o jornal e a manhã seguia fria.

--Então Cliff. Fiquei sabendo do lance do concurso.

-É meu velho. Arrebentaram-me na nota da redação. Nunca fui bem quisto, mas não me sabia assim tão odiado.

-Acho que você, bem te vêem como um perigo.

-Sei lá meu caro, só sei que me arrebentaram no meio, assim, sem massagem...Mas pra merda tudo isso. Dei graças a Deus por vocês estarem aqui hoje.

-Por que?

-preciso esperar um tempo e simplesmente não conseguiria ficar por duas horas naquele lugar. Geralmente mato o tempo bebendo feito um gambá, mas ta cedo demais pra isso então, se não fossem vocês eu estaria andando pela rua feito o “kung-Fu”.

-Ou feito o Hulk depois que rasgasse a camisa. Ta aqui o café Cliff!

-Obrigado Tina.

-Então quer dizer que a cachaça esta em primeiro lugar e a gente é a sobra seu nego safado.

-Não é isso baby, mas sabe como é...A cachaça a gente sempre pode achar, gente como vocês são umas agulhas no palheiro.

-Fico feliz em saber disso Young man.

-Sabe cara, eu não me dou muito bem com as pessoas num espectro geral. Quando vejo as que me dou, ou são gênios ou são totalmente birutas. E você sabe tantas coisas que poderia muito bem morar dentro de um lâmpada meu velho.

-E eu?

-Você é uma gatinha biruta e muito bacana. E o Tez? Com vai o garoto?

-Terrível. Os seus vão crescer também.

-Eu sei disso.

Olhei no relógio, e vi que já eram oito e meia. Junto de pessoas bacanas, a hora corre rápido como um jaguar.

Me despedi e caminhei solitário como de costume pra encontrar minha esposa e resolver as burocracias infernais que travam o mundo.

Tinha um bocado de pena dela.

É um bocado difícil conviver comigo.

Pelo menos eu acho.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Nelore velho no abatedouro




Blake entrou pela porta de ferro, subiu a longa escada, cruzou a catraca, foi ao fundo do salão, pendurou o saco tão surrado quanto a sua própria cara carcomida pelos anos de trabalho noturno, loucura e alucinação na girafa de madeira e foi pro seu canto.

-E ai Dereck!

-E ai Blake.

Derek era o cara que chefiava aquele lugar. Era um cara bacana.

O lugar estava cheio de jovens. Blake era o cara mais velho do recinto, porém era durão. 105 kg e forte como um nelore.

Blake foi até o canto vazio e começou a se excercitar tentando, pelo menos naquelas duas horas, esquecer de tudo.

Era uma coisa engraçada. O mesmo cara que levantava grandes quantias de peso numa boa, de pescoço taurino e expressão rude, era na verdade a porra de um beberrão indizivel.

De repente Derek chega perto e diz.

-Ei Blake! Vai ter uma boa aula agora na sala ao lado. Por que você não vai até lá.

-Pra mim não rola cara. Ta só a gurizada, vou passar o maior carão.

-Vai nada, tu é um cara durão.

Blake já tinha desistido da idéia quando uma jovem passou por ele.

Devia medir um metro e meio mas que METRO E MEIO!!!

Diabos! Era uma maquina de deixar homem louco!

Seios duros como rocha, um rabo empinado e firme que fazia retaguarda pra uma xota grande e saltada, emoldurada por um colant azul.

-E ai grandão? Vai encarar a aula?

A voz grasnava feito um pato, mas...FODA-SE ela não era uma cantora dos Supremes!

-Vou! Pega leve comigo hein! Sou velho demais pra essas coisas.

Entraram umas 10 pessoas na sala, todos jovens e vistosos, exceto ele. Juventude, força e vitalidade. Sonhos que se desfarão ante as marretadas do matadouro da existência.

Sentiu certa inveja deles.

Ela mandou que todos pegassem enormes bolas de plastico.

Blake pegou a sua e estirou-se num colchonete.

Daí tudo começou.

Ele sempre fora um desastrado completo.Quase caiu umas duas ou três vezes, parte da falta de equilibrio gerada pela idade e pelo alcool.

Resistiu até onde pode e depois cedeu.

Levantou-se bravamente e conseguiu chegar à segunda etapa.

Quando pensava em desistir percebeu que ainda valia a pena.

A tal instrutora fez um movinto estranho que mais lembrava a uma foda. Então uma lapa de seio começou a correr marotamente pra fora do colant.

Seria prudente desviar o olhar e esquecer mas... ORA! QUE VÁ TUDO A MERDA! Pensou e ficou ali fingindo ser um alteta e olhando aqueles peitos e rezando, olhando uma pequena auréola que teimava em escapar enquanto fingia ser um pessoa decente e calma e rezando, sendo premiado com aquela visão de um bico na manhã fria de junho enquanto fingia que era tudo uma puta de uma casualidade e rezando.

Rezando pra que aquela sorte durasse um pouco mais.

Rezando pra que toda a merda do mundo escoasse por debaixo de seus pés rumo ao esgoto dos infernos.

Rezando pra que essas palavras no papel fizessem algum sentido...

Por fim, tudo acabou.

A garota se dirigiu até ele.

-E ai? Como foi?

-Bom, vou precisar de uns 3 dias de bebedeira pra me recuperar disso aqui.

-Você tem problemas com bebida?

-Não, tenho probelmas é com um monte de coisas, a bebida ajuda a destilar.

-Semana que vem tem mais.

-Talvez eu venha.

-Até.

-Até.

Blake voltou pro salão, ergueu seus pesos homéricos e depois saiu pro Sol gelado de inverno sem garota linda, sem sorte, sem bico de peito.

Apenas uma garrafa, um cigarro e algumas linhas pra por no papel.

Rezando pra que a fraude que sempre foi, nunca se dissipasse em sonhos de grandeza.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Rasteira



Jake dirigia numa noite fria e eu estava sentado no banco de trás. Havia sido rebaixado naquela noite e quem encaminhava as coisas era David Mars.

O telefone tocou no meu bolso e atendi.

-Me deram uma rasteira!

-Filhos das putas sacanas!!! Eles jogam sujo mesmo.

-Bati de frente...Sabe como é. Disseram que eu precisava ser VIGIADO.

-Diabos homem! Mas você nem bateu boca?

-Bati, mas você sabe. Não vale de muito.

-Tem uma galera reunida no centro falando sobre esses lances. Vou ligar pro Lazy Bob e avisar sobre isso.

-Beleza.

-Cara, eu sinto muito.

-Seu eu fosse você parava de escrever. Vão acabar te pegando também.

-É...Às vezes eu penso nisso.

-Te cuida.

-Tu também.

Desliguei o telefone e olhei pra noite. Manter os seus bagos pendurados ao pau estava ficando cada vez mais difícil.

Ou você entregava os culhões de mão beijada ao açougueiro era caçado feito rato por gato de rua.

No centro uma parte das pessoas gritava e reclamava contra tudo aquilo. Até tentei ficar mas era impossível. NÃO ADIANTA você falar com um cara que é sacana por natureza.

Jake parou o carro, desci, tomei um gole d’água e acendi um cigarro.

Aquela seria uma longa e dolorosa noite.

Bem mais longa e dolorosa que a anterior.

Espirrando loucura na noite fria.





Estou com essa a-a-a-a-ATCHIM!!! Porra dessa gripe a dias e simplesmente ela não passa.

Já tentei remédio, injeção, conhaque com mel e nada. Ela fica ali parada feito um pôster brega em quarto de empregada doméstica.

Desço do ônibus com o nariz entupido feito fossa mau feita, cruzo o jardinzinho e entro.

-Cliff! Que cara horrível!

-É azim desde 78 Procol. Dão dem jeido de melho-a-a Atchim!!!

-To falando da gripe.

-É besbo uma berda! Dá as javes.

-Toma. E vê se melhora.

Aceno com as mãos e quando estou saindo sinto uma massa se formar. Pego o papel no bolso levo até o meio da minha cara e SLOSHBLERGH!!!! Taquei aquela maçaroca de excrementos no papel.

Seria o mais sensato ir pra casa, deitar no sofá, me cobrir com uma manta paraíba e assistir filmes e ficar pedindo babo, dengo tomando sopa, mas as contas chegavam no dia 15 e eu tinha que dar um jeito de pagá-las e como era no meu kengo elas iriam cair, o jeito foi arrastar meu rabo morto de defunto gripado até o carro e encarar a realidade dura do dia-a-dia e seguir em frente.

Phil me olhou e arregalou seus olhos.

-Caralho cara! Você ta fodido mesmo hein?

-To.

Continuei pela noite fria, tremendo feito um vibrador ligado no 220 tentando me manter são pra depois espirrar as palavras no papel e entrega-las a você que lê.

Pode jogar fora se quiser.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Amargo Regresso



Estava sentado vendo tv num domingo estúpido e chuvoso quando ouvi o som do sinal.

Levantei, acendi um cigarro e desci a rampinha, abri o portão e Chris Horse entrou.

Cris era uma cara na dele. Tinha ganhado aquela porra daquele cargo de chefe e tentava tocar o barco da melhor maneira possível. Isso se traduzia em arrancar o nosso couro com certa graça e elegância o que, convenhamos, era uma benção, visto como as coisas vinham andando ultimamente.

-E ai Cliff? Como vão as coisas por ai?
-Tranqüilas cara...Bem tranqüilas.

-Bom. To com um documento aqui cara...Pra você.

Estiquei a mão, li as linhas corridas pelo papel.

-Bem, então é isso e isso Chris.

Voltei pro meu canto com cara de convocado omisso e burro. Peguei minha meia dúzia de trecos e porcariadas (Caramba! A pobreza é mesmo uma merda!!! As coisas que você possui são mesmo da PIOR qualidade possível).

Na tv um desses programas estúpidos onde uma gostosa peituda mostra palavras pra serem acertadas numa tela piscante passava.

Senti o couro macio do sofá pela ultima vez.

O Sol Nasceu e fui embora esperando que o regresso não fosse mesmo tão ruim.



New Order, Regret por harrison73