sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Uma manhã qualquer





Estava no trabalho com a porcaria do pulso doendo por causa de um soco que fui OBRIGADO a dar num cara dentro do ônibus quando o telefone tocou.

-Alô.

-Pai.

-Oi gatão! Pode falar.

-“Eu qéio uma aivoi de natal”

Ele já vai fazer quatro mas ainda engole o R.

-Ta bom gato.Amanhã o pai compra.

A noite correu longa, chuvosa, escura e densa enquanto eu tentava estudar um pouco pra ver se conseguia alguns níqueis a mais pro ano que vem.

Entrei no ônibus e fiquei feliz por não ter nenhum bêbado filho da puta pra querer brigar comigo, ao invés disso, uma BAITA DE UMA GOSTOSA entrou, olhou pro banco vazio ao meu lado e seguiu sentando-se à frente.

Mulheres.Simplesmente não dou sorte com elas.

Desci em frente à loja e entrei.Natal chegando.Detesto essa porcaria dessa data.Consumismo barato e piegas e o que é pior de tudo uma época onde acabam glorificando uma puta de uma sacanagem que é esse lance de papai Noel.

Porra! Esfolo meu rabo feito um cão sarnento 12 horas por dia e NÃO VOU DAR O IBOPE PRA PORRA DE UM VELHO CAFONA.

A dona veio até mim. Decotes generosos ornando peitos grandes e flácidos feito massa de panqueca. Depois de uma dura noite de trabalho até que era bem bacana.

-Oi! Posso ajudar?

Olhei pros peitos e depois pra bunda. Pensei num monte de coisas numa fração de segundo e depois soltei.

-A arvore de natal e algumas bolinhas de isopor, por favor.

-Olha, só que essa já vem montada. Algum problema?

Na verdade havia vários. Falta de grana, falta de tempo, um time vagabundo que só perdia e te fazia ser zoado no serviço.

-Não.

Paguei os $25,50 por tudo contando árvore, bola, e uma garrafa de vinho vagabundo.

-Obrigado e volte sempre.

Uma chupeta com aqueles lábios pintados de baton avon vermelho e chechelento ajudariam bastante.

-|de nada.

Estava a duas quadras de casa e sai com aquela porra daquela árvore e a sacola nas mãos.

Era uma espécie de um alienígena desembarcando na Terra. Achei que era mais normal andar com aquele troço na rua mas não era. 105 kg de massa bruta na rua e uma árvore na mão. Bisonho.

Subi as escadas e entrei devagarzinho. Ele já estava em pé.

-Pai! Você “Compô” a avoi.

-Comprei.

-Tem bolinha?

-Tem.

-Quem é o papai Noel.

-Sou eu.

-Você?

-É.

-Pensei que você “éia” o Hulk.

-As vezes eu sou também.

Os menores acordaram e a árvore agora adornava a sala.

O Natal vinha chegando e eu seguia em frente com o pulso doendo e o pescoço ralado.

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Trilha sonora bacana, “das antiga” e que tem a ver com o lance

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cerveja no centro

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Mike engatou a quinta marcha e senti o vento batendo na minha barba. Era uma tarde quente de sexta-feira e me sentia bem.

-Aonde vamos? Perguntou Mike.

-Centro.

-Vamos lá pro quebra-culhão! Disse Sam com a autoridade de quem conhece a cidade a mais de 30 anos.

Rodamos por cerca de 20 minutos até que Mike disse.

-Caralho Sam! Onde é essa porra?

-Espera ai...

-Esse cabeça de bagre disse que conhece essa merda a 30 anos e se perde na própria cidade.

-Lá! Sam apontou e vimos um bar grande e bem bacana.

-Vamos ter que dar toda essa porra de volta de novo? Mike resmungou.

-Vale a pena. Disse Sam

-Eu preciso de um trago porra! Berrei lá do fundo e então seguimos.

Paramos no farol e olhávamos o centro. Uma loura oxigenada de rosto brutal e com a expressão que diz É ISSO QUE FAZEM COM A GENTE NESSE MUNDO passou por nós.

-Oh! Olha aquele rabo!

-Cala boca Cliff! Você é casado e tem filhos à beça.

-Eu sei Sam, mas é um rabo e tanto.

-E daí! Você só vai OLHAR mesmo. Com esse salário de merda que você ganha, não da pra comer ninguém.

-Isso é bem verdade, mas que é um rabo e tanto ah...Isso é.

O farol foi do vermelho pro verde e ela saiu rebolando aquele rabo em direção sta Filomena, onde elas fazem ponto nas casas de 20 mangos.

-Para o carro ai.

-Aqui Sam? Ta louco? Vou levar uma baita de uma multa.

-Fica frio Mike, não da nada.

Mike parou e descemos. Roger parou também, assim como Anth e entramos no bar.

Um barzinho maneiro, tranqüilo e limpo.

-Não falei que era bacana!

Sam ficara feliz por ter ele escolhido o quebra –culhão.

-É mesmo Sam! Dessa vez você deu uma dentro. Eu disse isso e chamei a garçonete que veio se rebolando toda, esguia feito cobra na mata.

-3 cervejas e um maço de lucky strike.

Roger olhou o jeito da dona e disparou.

-Hei Cliff! Ela te olhou bem hein negrão!!! Ta com moral.

-To nada, só fui simpático. Eu sei fazer isso em bares.

-Mas quando ela souber quanto você ganha...

-Porra Mike nem lembra! É fracasso demais pra um dia só.

-Vai ver ela gosta de rola grande.

-Essa porra dessa rola nem deve subir. Grande desse jeito vai ficar sem sangue.

-Vai se foder Sam! Essa merda ainda sobe, eu só não tenho grana nem pra comer um rabo extra.

Ligaram um rádio e começou a tocar um rap, Sam protestou.

-Ah! Vai se foder. Que porra de musica é essa?

-Porra Sam, Vai a merda! Você queria ouvir o quê? Abba?

-Heheh! Caralho Mike! Pegou pesado hein? Abba é O fim da picada.

-Vão se foder vocês dois, eu gosto de Abba!

-Putz! Depois de velho fica com fricote.

Caímos na gargalhada. Sam,se imputeceu e foi ao banheiro dar uma cagada, Mike e Anth discutiam futebol, enquanto eu e Roger fumávamos um cigarro olhando os rabos que passavam na calçada no fim da tarde.

Entre ofensas, risadas e cervejas, os laços se fortalecem na divindade do dia a dia da vida.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

10° Dia


Último Round

Chegamos e olhamos as escadas. Uma sensação de alivio e alegria quase me fez sorrir. Enfim sairia daquela latrina de merda flamejante e isso era bom. Subi o morrinho, acendi um cigarro e fiquei olhando o povo lá embaixo. Todos pareciam EXTREMAMENTE felizes, todos conversavam entre eles assuntos que eu não queria conversar. Quase tive uma impressão favorável das massas. Eram fodidos e tinham uma existência deplorável mas conseguiam sorrir com qualquer estupidez. Eu não conseguia ser assim, nunca consegui e agradecia a Deus por isso.

Entrei na sala, peguei os papéis, rabisquei as respostas e fui embora. Era simples assim. Entrei no banheiro, mijei, desci, acendi um cigarro e fiquei esperando por Mike e Sam pra fugirmos do inferno.

Aos poucos as pessoas iam surgindo. Rostos, rostos e mais rostos a maioria não me dizia nada.

-E ai Mike? Cadê o Sam?

-Ué? Ele ainda não saiu?

-Nada.

-Esse filho da puta sempre embaça.

Em pouco tempo o pátio estava cheio. Ouvi uma voz de mulher atrás de mim.

-Esses caras são uns boçais. Eles nem deviam estar aqui.

Percebei que se referiam a nós. Celebridade é pra quem pode.

-Caralho! Vocês já tão ai?

-A pelo menos meia hora Sam. Vam’bora!

Mike ligou o carro e nos mandamos. O Sol brilhava tranqüilo e quando eu quase ia ficando feliz a bomba veio.

-Vamos ter que voltar a tarde.

-Por que Sam?

-Vão entregar uns materiais. Vamos ter que encarar essa merda.

Mike colocou uma quinta e disse.

-Só espero que seja rápido.

Sam cozinhou, comemos, bebemos e voltamos.

Ai o caldo desandou.

O Salão já estava lotado quando entramos e ainda era cedo. Eu não sei por que que aquele povo gostava tanto de se aglomerar. Procuramos um lugar e isso estava difícil.

Finalmente nos sentamos e então ouvi atrás de mim uma voz de mulher.

-Pô! Vai ficar com esse cabeção ai na frente.

Sem olhar pra trás, com a mesma nobreza de um guarda da rainha respondi.

-SE QUISER POSSO COLOCAR O CABEÇÃO DO MEU PAU AI NA FRENTE!

Não ouvi mais nada vindo de trás de mim.

Por fim permitiram que levantássemos.

O Povo falava animado sobre a estúpida confraternização.

Uma garota veio em minha direção.

-Cliff? Você vai ao churrasco.

-É claro que não. Eu sou seleto pra bebida.

-Graças a Deus.

Gostei da sinceridade.

Meia hora depois, enquanto todo mundo se espremia nalgum salão imundo, comendo carne dura e sorrindo bestamente, eu, Mike, Sam, Roger e Anth sentávamos num bar do centro.

Bastardos inglórios. Exclusos do resto do mundo, cavalos selvagens, loucos, poetas, pais, avôs e amantes, mas acima de tudo HOMENS de alma que mesmo corroída pelas mazelas do dia-a- dia ainda conseguiam resistir a mais um round.

O Sol se punha e seguia pra casa tranqüilo, esperando que o dia de amanhã fosse melhor que o de hoje.

FIM.






¹Agradecimentos especiais a todos que me inspiraram dentro desta latrina de merda flamejante

² Essa é uma obra de FICÇÃO qualquer semelhança com pessoas ou fatos é mera coincidência

³ As vezes eu minto um pouco

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

9° Dia

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Cigarro Apagado.

Estávamos trancados naquele microcosmo a exatos nove dias e só faltava um pra alcançarmos a liberdade e isso despertava o que, ao meu ver, existe de mais escroto no ser humano, a maldita fase do “SEJA-UM-CARA-LEGAL-E-GANHE-PONTOS-COM-DEUS-SABE-LÁ-QUEM” Puxa-saquismo barato e piegas, pedante e horrendo.

Muitos já estavam é de saco-cheio daquela merda, mas, existia uma parte (e sempre vai existir uma parte) que, invariavelmente, vai dizer que não.

Não havia mais conteúdo nenhum a ser passado de modo que, ficávamos a maior parte do tempo vadiando por ali.

Estava sentado num canto, na minha, sem falar nada com ninguém, trancado num bloco de pedra pra mim mesmo quando ouvi passos em minha direção. Era Valerie.

Valerie era uma gordinha sexy. Era mais pra peso pesado que pra top model, mas tinha lá seu charme. É claro que as possibilidades de eu fodê-la eram as mesmas do homem chegar a Saturno a bordo de um Chevette 86.

-Cliff, me empresta o isqueiro.

-Tó.

-To de saco cheio disso aqui cara...

-Eu também garota.

-Estranho você falar comigo...Você é o tipo de cara que não gosta de ninguém.

-Olha...A bem da verdade não gosto muito de gente de uma forma geral. Existem pessoas boas no mundo, talvez EU não seja uma dessas pessoas boas... Mas o lance é que aqui eu tenho visto muita sacanagem...Uma porrada de falsos profetas, gente se dissolvendo igual castelo na areia.

-Eu sei, mas é assim mesmo. De qualquer forma a gente tem que aprender a viver essas coisas e levar de uma boa. Vai ter uma confraternização amanhã. Você vai?

-Não! De jeito nenhum! Não suporto a maioria das pessoas daqui, não faria sentido nenhum ir até lá.

-Beleza. Valeu o isqueiro.

-Wo!

Levantei e me dirigi ao pátio do centro. Um grupo de pessoas vinha na contramão.Tentei desviar, mas foi em vão.

-Cliff! Estamos passando uma lista pra confrater...

-Não! Rosnei e continuei andando rumo a algum lugar onde pudesse acender um cigarro e não vomitasse ao primeiro trago.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

8° Dia




Tempestade Bipolar


Estava sentado lá no fundo escrevendo no caderno quando ouvi sua voz.
-Cara, eu tenho certeza que isso não tem nada a ver com a aula, mas vai ser uma estória bacana.
-Espero que sim Scap! Alias, a ÚNICA coisa que me resta a fazer aqui é escrever, isso aqui ta uma merda intragável.
-Realmente eu esperava mais. Mas tudo bem faz parte.
Charlie Scappalone era um gênio da lâmpada. Um dos caras mais inteligentes que eu já vi na minha vida. Três casamentos e talvez um funeral. Escrevia musicas muito boas e tinha um temperamento dos mais difíceis possíveis. Era ODIADO por muitas pessoas e tinha lá sua parcela de culpa, mas comigo, nunca tinha pisado na bola.
-Hey Cliff. Eu tava pensando que depois deste negócio acabar nós poderíamos trabalhar juntos.
-Olha Scap...Você sabe que eu te considero pra caraça, mas não rola. Você é uma tempestade Bipolar ambulante.
-Isso é que eu gosto em você Cliff. Você fala as coisas de uma forma direta e na cara, sem rodeios. O Mike acha o mesmo de mim.
-Vê. Não sou o único.
Percebi uma garota nos olhando. Era Molly. Ela fora uma ex de um conturbado lance com o Scap.
-E ai? Como vão as coisas entre vocês?
-Ela não pode me olhar na cara. Fica um clima chato. Eu realmente não queria que as coisas fossem desse jeito.
-A gente NUNCA quer, mas acaba virando. A coisa mais difícil no mundo é entender as mulheres. Eu já desisti. Quando era mais jovem eu procurava pela garota dos meus sonhos. Depois descobri que não sendo um pesadelo já se pode considerar uma vitória.
-Hahaha Suas citações são sempre boas. Abraço Cliff. Não posso sentar ao seu lado senão perco a concentração. Fico de bate-papo e não faço nada.
-Até mais meu velho.
Scap se levantou, foi pra frente e eu fiquei ali atrás farejando igual a um perdigueiro a proximidade do fim daquilo tudo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

7° Dia



107 Varas Murchas


Eu me lembro que tudo começou com uma manhã clara e de tempo ameno. Nos mandaram lá pro lado de baixo e seguimos sem perguntar nada. Não fazia mais a menor diferença saber ou não pra onde éramos mandados, Uma Aushwitz em miniatura e sem gás.
Ela entrou. Devia medir um metro e oitenta e tinha uma bunda simplesmente SENSACIONAL! Seios vulcânicos pulavam dentro de um decoto generoso e a cara, se não era bela, também não era má.
Havia 107 caras lá dentro e todos estavam de pau duro e eu, não fugi a regra.
Mas de repente tudo começou a desmoronar.
A porra da mulher era irritadiça como o diabo. Tratava a todos como dementes e estúpidos, numa grosseria que era de se admirar.
-Cara, essa mina é o demônio.
-Deve ser mau comida por ai.
-Que rabão.
-Filha da puta.
Eu ouvia os comentários falados baixinho, escondidos e contritos um a um.
Era uma situação difícil.
Cada vez que ela pegava o microfone e começava soltar as balas de ódio , imaginava enfiar-lhe a pica na garganta até afogá-la com os bagos.
Nos deram um tempo de uns 20 minutos e saltei atrás de café pra entremear com o cigarro. Na hora que estava chegando próximo a mesinha ela estava lá. Olhei pro rabo. Era grande. Olhei pros peitos. Eram grandes. Olhei pra cara.Não havia nada. Apenas uma petulância crônica e boçal.
Fui pra fora, acendi meu cigarro e me sentei.
Uma brisa leve soprava e era difícil entender por que as coisas eram desse jeito.
A sirene tocou. Entramos e nos sentamos. Agora eram 107 picas murchas numa besta manhã.

domingo, 7 de novembro de 2010

6° Dia




Bolinha de sabão.

O barato é que passávamos da metade daqueles dias e as coisas estavam longe de melhorar.Pelo contrario, tornava-se cada vez mais insuportável a convivência entre os seres daquele sistema.
Haviam espécies interessantes sim, mas a maioria era como margarina derretida em cima de biscoito de maisena. Rançosa e melequenta.
Tinha um cara que eu até achava bacana antigamente. Tatuagens bacanas e um ar sabedor de assuntos legais. Engano. O cara se dissolvia em assuntos chatos e inacabáveis, cheios de salamaleques pra parecer bacana.
No intervalo veio até mim.
-Hei Cliff! O que você esta achando disso.
-Uma merda.
-AH! Você deve estar brincando! Cara, isso aqui é uma experiência incrível!!
-Que bom, que é pra você garoto. Que bom que é pra você...
-Cara, você precisa de ajuda.
-Todo mundo precisa, agora se me da licença...
-Poxa cara. Eu te achava antigamente um cara mais legal.
-Você nem me conhecia antigamente cara. Ouviu falar de mim por fontes nada confiáveis, agora me da licença ou lhe espanco o baço!
Desci e me mandei. Valerie me pediu um cigarro com seus olhos cansados e sorridentes.
-Cliff! Esse cara é mesmo um bolha!
-Eu não imaginava...Eu só queria ficar quieto na minha...
-Própria bolha de sabão. Eu te entendo.
-Ufa! Será que é tão difícil ficar quieto num lugar desses?!
-Hehehe É sim. Obrigado velhão.
-De nada garota.
Me mandei pro canto mais isolado, em cima da escada. A voz de Aretha Fraklin Me convidava pra um passeio flutuando na minha própria bolha de sabão.



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

5° dia




Meio metro de um dia feliz.

Os momentos de intervalo eram um sopro de alivio incomensurável.
Era muito irritante ficar ali mas, quando nos davam 20 minutos de folga, você se via ali com a alma perigo e a vida pendurada por um gancho encontrava um pouco de contrição junto algumas outras pessoas.
Fazia um calor agradável e estávamos um pouco altos por causa da hora do almoço.
Sam desceu xingando.
-Puta de merda! Essa mina é folgada pra caralho.
-Quem? Perguntei.
-A Tal da Jully, a instrutora dessa merda.
-Ela é mesmo, mas até que é um bom rabo.
-Magro demais.
-Tudo bem, mas mesmo assim é um bom rabo.
-Você devia era socar essa rola de meio metro no rabo dela, com areia pra essa filha da puta aprender a virar gente.
-Vou me esforçar pra isso.
Mike desceu, junto com outros caras legais. Roger, Ed e Molins. Eles também pouco se misturavam ao resto do universo ali presente. Boas almas.
-E ai Cliff? O Sam ta resmungando por causa daquela mina?
-Ta. Ela não é de todo mau. É um bom rabo.
-VÃO SE FODER VOCÊS DOIS! Sam xingou e foi pro outro lado.
Acendi um cigarro e ficamos ali conversando sobre futebol pra descontrair.Molins sacou de um radio bacana, desses troços modernos e vistosos.Tocava um reaggae. Sorrimos.
-Caramba! Vocês estão cheirando a vinho barato. Ed disse entre dentes próximo a Mike e eu.
-Bebemos um pouco no almoço.
-Porra! Isso da vontade!
Ed havia parado de beber uns 2 anos atrás. Tinha medo de recair e voltar com tudo.
-Eu imagino.
No fim das contas até que estava sendo um dia bacana. Em breve ir pra casa, ver os filhos e pintar com Cryon com o mais velho.
Faltava metade do caminho até o final daquela encheção de saco e era possível que sobrevivêssemos a esse 50 cm finais.

4°Dia



Salvando Bee Bee


Como Mike e Sam haviam ficado na outra turma e eu dependia dos dois pra comer e poder sair daquele inferno e, como as aulas (Será que aquela merda podia ser chamada de aula?)eram em horários diferentes, precisei bolar uma forma de fugir dali sempre que precisasse. Arranjei um lugar ali no fundo da sala, bem ao lado da porta e ao lado de Bee Bee.
Bee Bee era um cara extremamente bacana. Fiquei feliz de tê-lo ao meu lado ali, pois apesar de toda aquela encheção de saco aquela merda valia GRANA e por isso PRECISAVAMOS tolerar aquela porra.
De repente uma mulher entrou na sala. Era feia pra caralho e tinha o corpo estranho, mas calçava longas botas de amazona um bocado bacanas.
Ela começou a falar e era uma avalanche de bosta. Papo decorado e chato pra burro. Levantei, abri a porta, sai e fumei um cigarro e voltei. Bee Bee estava irritado pra burro.
-Cara, essa vaca escrota só ta falando bosta.Bee Bee disse e eu me sentei.
-Todo ismo é uma merda. Coisa pra louco. É claro que todos tem lá suas razões mas essa porra dessa martelação de blá blá blá irrita.
O papo continuou nessa linha.Levantei-me mais umas duas vezes pra tomar café e fumar e percebi que a tal dona se irritou.
Dei um foda-se e me mantive conversando com Bee Bee.
Uma mulher começou a entrar na onda. Não existe nada pior do que uma vagabunda que se converte religiosamente e resolve começar a pregar a palavra que ela considera certa em voz alta.
Era isso que havia começado a acontecer.
Bee Bee riu alto e eu ri junto. A dona feminista olhou com os olhos em chamas.
-Vocês dois ai do fundo! Queria a opinião de vocês.
Todos nos olharam. Bee Bee ficou vermelho. Ele era careca e gordinho então sua cara mais parecia uma rola nessas horas. Bee Bee era um cara muito querido pelas pessoas. Nem sei como ele gostava de falar comigo. Eu não. Eu era detestado pela maioria das pessoas, nunca tive bom nome junto aos círculos sociais e nem me importava por isso tomei a frente.
-Olha dona. O dia em que as mulheres toparem puxar um arado, perder os seios à bala na guerra, encher latas de cimento sob o Sol ou ficar pendurada 12 horas atrás de um torno mecânico eu topo ficar em casa e me emocionar com o José Meyer na tv.
Ela ficou em silêncio. Um cara riu, outros deram de ombros. Bee Bee estava Salvo e eu sai pra fumar e se possível não voltar naquele dia.