quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Virtual Insanity

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By bmozz at 2010-12-22



Blake chegou em casa com a porra de uma dor nas costas que já fazia alguns dias que o incomodava, mas agora se tornara insuportável. Abriu o frasco de remédios e mandou dois comprimidos goela abaixo como se fossem jujubas. Sentou-se à mesa da cozinha, pegou a calculadora de mão e fez as contas. Não era torcedor do Manchester, nem era comunista, mas continuava no vermelho ao final do ano. Fora assim desde janeiro.
Foi até o sofá, ligou a tv e começou a assistir algumas lutas antigas. Aquela merda era só estupidez, mas dava uma certa calma, ajudava a encarar os galhos.
Tinha mais ou menos uma hora pra dormir antes de cair no mundo e continuar na batalha, mas foi impossível. Ele já nem lembrava mais quando fora a última vez que as coisas eram possíveis...
O despertador tocou, um gato gemeu, uma criança chorou e Blake foi até o quarto e falou com ela. A luz apagada e o velho resmungar matinal. Ele nem lembrava mais quando as coisas começaram a ficar desse jeito...
Blake saiu, ligou o radio, ouvia Sharon Jones e foi até o velho prédio bege. Resolveu pelo menos um dos problemas que vinham atormentando sua mente e realmente se sentiu feliz e aliviado. Uma grande vitória num dezembro que começara com uma dolorosa queda.
Caminhou até a avenida fumando um cigarro e sentindo-se bem, bem mesmo. Olhou as vitrines, os bolsos então voltou pra realidade da dureza. Não era possível comprar certas coisas que ele queria. O natal e seu consumismo desenfreado acabavam por despertar isso em todas as pessoas do mundo e Blake não era tão diferente assim do resto do universo.
Depois chegou em casa e ela estava lá.
Como de costume o olhar rançoso e ressabiado pra ele. Ele bem sabia que não era nenhuma maravilha de cara, mas também tava bem longe de ser uma porcaria completa. Trabalhava duro e segurava a barra da melhor maneira que podia e até já se perguntava quando a mamata de só trabalhar em um emprego duraria.
Realmente, 50 dias de folga me um trampo só já estavam começando a fazer diferença no bolso.
Ela sequer o olhou. Estava sentada, jogando um troço eletrônico, cheio de cores, musicas e efeitos legais. O paraíso virtual de alegria, e calmaria. Um rancho, com rede e sombra e água e cavalo. Sem olhar pra louça entulhada na pia, sem ver a roupa ocupando o lugar de destaque da sala sentada gloriosa na poltrona vermelha.
Blake foi à sacada, acendeu um cigarro e olhou pra dentro.
Ela ainda admirava o paraíso virtual feito um magnífico trono hebraico.
Ele não sabia se aquilo era loucura, sacanagem ou ira.
Sentiu uma vontade gritar de ódio e ao mesmo tempo uma indizível tristeza por as coisas serem e assim e ele fazer parte dessa loucura.
Enquanto ela admirava alegria digital sem o ver., ele foi à cozinha serviu-se de carne com batatas e depois estirou-se à cama, buscando um sono merecido que talvez, com um pouco de sorte, ele alcançaria.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

H.E.R.O.I



Quando o dia amanheceu chovendo e pela janela só se via a cidade afundando sob as águas enquanto eu fumava o primeiro cigarro do dia, foi que deu pra sentir de verdade o que é que tinha acontecido.
Tudo bem, não era o fim do mundo nem minha primeira ou maior queda, mas assim mesmo o gosto de merda vinha do estomago pra boca e parava no meio da língua.
Engraçado é sentir isso só dias depois, mas durante toda minha vida foi assim. As coisas sempre num ritmo mais lento e vindo depois e nessas horas da vontade de largar tudo...
Depois passa, você levanta, se reorganiza e volta pra batalha mais forte, mas na hora é foda...Da uma tristeza da porra mesmo.
Daí sobra a pagina em branco, ali na tela piscando como confetes de luz e nela você descarrega tudo...Pelo menos pra mim funciona.
Levantar, fumar um cigarro, olhar a cidade afundando na chuva. Sentir um pouco de pena de mim mesmo, pra perceber que posso ser durão, mas ainda dói, e às vezes, dói pra caralho.
E é ai que você lembra que ainda tem que caminhar e remar contra a maré de qualquer jeito. As contas continuam vindo, o mundo continua a girar e você, no meio dessa corda bamba e louca, se equilibra e reage por que tem gente precisando de você.
Gente pela qual, apesar das falhas e derrotas, você ainda luta até o fim.
De cabeça erguida.
Machucada.
Ou sem cabeça se for preciso.
Gente pela qual a última gota de sangue é derramada sem pesar.
Gente.
Gente pra quem você luta e mesmo sob as chamas o sonho Ícaro nunca se encerra.
Gente pra quem você sempre tentará, às vezes mesmo sem conseguir, ser um...
Herói.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Declínio e Queda.

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By bmozz at 2010-12-14


Levantei meu corpo moído feito uma tabua de dor, me troquei e sai pela portinha.
O Sol se levantara cedo naquele domingo e eu só sabia que TINHA de estar lá.
Faltavam ainda quase 3 horas pra resolver a tal parada e, pra matar o tempo, me dirigi até a academia pra TENTAR aliviar a tensão.
Peguei os pesos e comecei a fazer a ÚNICA coisa que eu aprendi a fazer direito na porra da minha vida. Eu realmente estava em boa forma e seria TUDO mais fácil se fosse só dar umas porradas, mas não era assim.
Acabei, tomei um banho, me vesti, acendi um cigarro e sentei lá fora no banquinho de concreto.
Silvester chegou e começamos a bater papo sobre musica e outros assuntos quando o telefone tocou.Era Sam.
-CLIFF! ONDE VOCÊ ESTÁ?
-Tou aqui no trampo, vem pra cá e vai com a gente.
-Beleza.
Fumei mais um cigarro e Sam chegou. Entramos no carro e seguimos pela avenida que se iluminava com a manhã.
Chegamos e fiquei ali no meu canto, calado e contrito. Sempre foi assim e será eternamente.
Os portões se abriram e então desci as escadas, depois a rampa e por fim entrei na sala.
Não me sentia bem como me sentia das outras vezes.Uma sensação estranha de ansiedade e estranheza me abraçava.
Scap estava próximo a mim.
-Hey Cliff! O que você acha?
-Sei não... Não to com um bom pressentimento sobre isso aqui.
-Desencana.
Uma garota loura, jovem e com a cara estranha, mas de ótimos peitos veio passando de mesa em mesa entregando a papelada. Depois, disse algumas baboseiras e então abri o pequeno caderno de sulfito.
Fui recebido com um belo soco na boca do estomago pelas palavras no papel.
Estava perdido e acuado, mas assim mesmo fui em frente.
No final, consegui me arrastar até o final do round e pra ser derrotado por pontos.
Sai da sala, subi a rampa, a escadinha, acendi um cigarro e caminhei sob o Sol rumo a minha casa com um gosto amargo de derrota na boca.
A tarde chegou e tudo que restou foi dar um foda-se e seguir com a garotada pra piscina e ficar ali, imerso sob as águas, onde o mundo não sabia de minha existência, enquanto uma triste canção pra momentos de queda, ecoava em meus ouvidos.


domingo, 12 de dezembro de 2010

Uma tarde pra analisar a loucura.

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By bmozz at 2010-12-12



Sai da academia num tiro só e entrei no ônibus. Sentei, liguei o radio e estava tocando Mudhoney!
Legal! Rock’n’ roll velho e bacana. Peguei a porra da apostila digital nas mãos e comecei a ler e, lá no fundo, tinha a impressão que estava perdendo meu tempo e afundando meus pés em merda quente. Sentia que deveria ficar observando os rabos que passavam pela avenida na tarde quente de quinta e que, por mais que eu me esforçasse, aquela porra daquela vaga NÃO seria minha.
Desci do busão, cruzei pela banca de jornal e entrei na primeira direita. Rua velha conhecida de minha adolescência. A porta ainda era a mesma. Toquei a campainha do porteiro eletrônico e ouvi a voz metálica.
-Sim?
-Hatcliff Jhonson da #%&
-Ah...Sim, pode entrar.
Subi as escadas e olhei pra ela. Era velha e enrugada como a porra de um saco de maracujás. Bem, era isso e isso.
-O senhor pode entrar na sala, e aguardar.
Entrei e vi Bee Bee.
-Hey Bee Bee! Seu gordo sacana! Você esta me perseguindo!
-To nada! Você chegou depois!
Uma dona um pouco mais nova que a outra que não era bonita nem gostosa mas pelo menos demonstrava vitalidade entrou.
-O senhor é?...
-Hatcliff.
-Sim, Preencha a ficha e depois me entregue.
Preenchi todas as fichas num tempo recorde. Devia ser a 10° vez que fazia aquela merda.
-Oooh ! Já acabou? Ótimo, pode aguardar na sala ao lado.
Sai, sentei no largo sofá, confortável e macio. Peguei um copo de café, uma bolacha e então fui chamado mais uma vez.
Dessa vez era uma dona ruiva e cansada.
Entrei na sua sala. Não havia nada de glamour naquilo.
Sentei na cadeira de espaldar alto e ela começou.
-Bem, senhor Hatcliff o senhor sabe por que esta aqui não?
-Olha mulher...Corta essa de senhor Hatcliff! Meu nome é Cliff e fim.Sei sim, a mesma velha conversa bacana regada a chá.
-Heheh...Sim e então?
-Bem, não tem muito pra dizer. A #%& nos esfola como rabo de gato, nos paga um salário digno de fome, e depois nos mandam pra cá pra conversar contigo. Mas no geral to bem...Filhos, uma hipoteca pra pagar...
-Sei...
Disse isso e virou a caneta nas mãos de um lado para o outro na altura das mamicas.
Se fosse uma carnuda seria bacana e me deixaria de pau duro, mas era esbagaçada demais pra isso.
-E no resto?
-Bem a vida é uma coisa difícil, sem sentido, pelo menos a minha. A vida não gosta de mim, vive tentando me foder e eu desviando o rabo. Mesmo os prêmios, a não ser as crianças, nunca são bons...Enfim, nunca posso pegá-la ao inteiro, sempre aos poucos... É como engolir pequenos baldes de merda.
-você é uma pessoa amarga.
-Amarga não garota, só sou resignado.Aprendi a conviver com isso e sigo em frente.
Depois foi um pouco de teste motor e por fim ela disse.
-Tudo bem, você pode continuar.
-??
-A trabalhar na #%&.
Não era a melhor coisa do mundo, mas era melhor do que ficar sem teto. Enquanto existir um teto sobre a sua cabeça ainda se tem alguma chance, sem isso, muito pouco se pode fazer.
Desci as escadinhas, atravessei a rua, subi pela alameda e entrei num bar.
Um traçado com torresmo e matei as horas da tarde até a hora de entrar no trampo e deixar que as horas me matassem aos poucos.



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Gênio Judeu.

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Quando eu fazia alguma cagada no computador, do tipo deixar a tela de apresentação com a imagem de uma mina enfiando 4 dedos na xota ou simplesmente apagava tudo e não fazia A MENOR IDÉIA DE COMO VOLTAR AO NORMAL, o Jake era meu guru e minha luz no fim do túnel.
Jake era um dos caras mais mal-humorados , sinceros e bacanas que já pisaram na crosta terrestre.Tinha uma sorte danada de tê-lo como parceiro. É claro que na maioria das vezes que conversávamos Jake me xingava por algum motivo. É claro que na maioria das vezes ele estava errado.
Jake tinha um pescoço longo e fino e embora fosse judeu, de nome Jacob, mais parecia um b-boy. Roupas largas e bonés “gang-star”. Chafurdava na mesma merda de emprego que eu e se virava em ocupações extras pra pagar as contas.
Eu estava uma noite dessas me fodendo feito um cão sarnento na porra da porta do meu segundo emprego quando Jake chegou.
-E ai rabino! Bom te ver.
-Tava trampando lá embaixo, tava chato demais e resolvi dar uma passada por aqui.Alias, que merda de trampo que você tem hein cara?!
-fazer o quê? As contas estão sempre chegando e eu preciso me virar.
-Também não posso falar muito, lá no velho ta uma bosta. O Gibbs continua sacaneando.
-Aquele gordo é um filho da puta de mão cheia, um parasita escroto.
-É...E ai? Continua baixando muita putaria?
-Continuo.Parece uma força externa e maluca. Tento não entrar mas quando vejo já estou na parada.
-Eu diminui.
-sorte sua.
Era uma noite quente de verão e jake coçou a mão por debaixo da camisa.
-Cara! To de saco cheio de carregar essa porcaria! É um jogo sujo.
-É e acho que no fim o Maximo que a gente consegue fazer é empatar. Mas as contas chegam e agente tem que dar um jeito de pagar, então o trabuco ainda é solução.
-Pode crê.
-Ow! To precisando de uma luz. Preciso de@#$%
-Caramba Cliff! Como é que eu vou saber fazer isso?
-Ora! Você é o gênio da parada.
-Ainda não manjo, mas vou descobrir...Ah! Bacanas suas histórias no site.
-Fico feliz que você tenha curtido.Na próxima eu vou te colocar lá.
-Não me zoa hein?
-Pode deixar.
-Cara! Vou indo nessa antes que me percebam sumido e me encham o saco na reentrada.
-Vai com deus brô.
-Fica você também.
Jake seguiu pro trampo com o berro embaixo da camisa e a cabeça genial.
Eu segui pra minha com o berro embaixo da camisa e a cabeça cheia de cachaça pra variar.
Entrei, acendi um cigarro e escrevi essa história.



quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um Grande Garoto

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Entrei pelo portão azul e grande, cruzei o jardinzinho sempre mal cuidado, passei pela porta velha e gasta e entrei na sala.
Ele estava sentado ouvindo música indiana e lendo uma revista de sacanagem.
-É big baby! Você não perde essa mania mesmo né?
-Olha quem ta falando! Você também um puta de um onanista.
-Convicto graças a Deus! Como vai Procol?
-Numa boa Cliff e você?
-Levando cara...Passei umas poucas e boas esses tempos atrás. Tipo encarcerado naquela merda.
-Fiquei sabendo. Você, o Mike e o Sam ficaram famosos.
-??
-O pessoal daqui falava que vocês eram uns beberrões e arruaceiros.
-O pessoal daqui é mesmo uma cambada de filhos das putas.
-Eu sei disso. Defendi vocês.
-É mesmo?
-É. Disse pra todo mundo que não era bem assim, que vocês não eram arruaceiros.
-Obrigado baby! Você é mesmo um grande garoto. Quem ta nessa revista?
-T Mynx! Essa é favorita sua.
T Mynx. O Maior e mais belo rabo da industria pornográfica desde os anos 80 até hoje e ainda vivo e em atividade
-É...Essa é lendária, mas e essa porra dessa música?
-Ravi Shankar cara! Muito louco.
-A sonoridade até é legal, mas...Quando penso naquela citara e lembro dos neo-hippies que gostam dessa porra sinto uma vontade danada de sair metendo o pé em tudo.
-Você não perde essa mania espírito de porco.
-Total. Nunca consegui me ajustar junto á sociedade. Dou-me bem com poucas pessoas, dentre as quais você se elenca. Não sei se isso faz bem pra algo, mas é real.
-Ta parecendo viadagem.
-Ow!
De repente a porta abriu e ela entrou. Era gorda, muito gorda e a cara tinha a cara sebenta e empapada. Embora eu não sentisse parecia sempre estar fedendo a um suor azedo e brutal.
-Ei! Não pode ficar gente de fora aqui nessa sala.
-Ele não é de fora Rib e, alias, ele agora é chefe.
-é mas...
-Hey Procol, desencana. Escuta aqui filha, não to atrapalhando nada nem ninguém então fica fria que vai dar tudo certo ok.
-Hum...
Resmungou e saiu com aquele fedor obeso a empestear a sala.
-Proc! Não sei como você consegue tolerar a convivência com essa filha da puta escrota.
-É meu trampo cara.
-Mas você podia vir conosco. Eu, Mike, Sam, Jacob, Six-Side.
-Sei lá...O Jacob e o sam já me chamaram também.
Olhei o relógio e já eram mais de 18:15. Minha hora de ir pro trampo.
-Saca ai baby, se tu quiser vir, me liga.
-Tudo bem cara, vou pensar no assunto.
-A gente se vê.
-Yo!
Fui embora enquanto aquele grande garoto seguia seu curso numa tarde de Sol.


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Uma manhã qualquer





Estava no trabalho com a porcaria do pulso doendo por causa de um soco que fui OBRIGADO a dar num cara dentro do ônibus quando o telefone tocou.

-Alô.

-Pai.

-Oi gatão! Pode falar.

-“Eu qéio uma aivoi de natal”

Ele já vai fazer quatro mas ainda engole o R.

-Ta bom gato.Amanhã o pai compra.

A noite correu longa, chuvosa, escura e densa enquanto eu tentava estudar um pouco pra ver se conseguia alguns níqueis a mais pro ano que vem.

Entrei no ônibus e fiquei feliz por não ter nenhum bêbado filho da puta pra querer brigar comigo, ao invés disso, uma BAITA DE UMA GOSTOSA entrou, olhou pro banco vazio ao meu lado e seguiu sentando-se à frente.

Mulheres.Simplesmente não dou sorte com elas.

Desci em frente à loja e entrei.Natal chegando.Detesto essa porcaria dessa data.Consumismo barato e piegas e o que é pior de tudo uma época onde acabam glorificando uma puta de uma sacanagem que é esse lance de papai Noel.

Porra! Esfolo meu rabo feito um cão sarnento 12 horas por dia e NÃO VOU DAR O IBOPE PRA PORRA DE UM VELHO CAFONA.

A dona veio até mim. Decotes generosos ornando peitos grandes e flácidos feito massa de panqueca. Depois de uma dura noite de trabalho até que era bem bacana.

-Oi! Posso ajudar?

Olhei pros peitos e depois pra bunda. Pensei num monte de coisas numa fração de segundo e depois soltei.

-A arvore de natal e algumas bolinhas de isopor, por favor.

-Olha, só que essa já vem montada. Algum problema?

Na verdade havia vários. Falta de grana, falta de tempo, um time vagabundo que só perdia e te fazia ser zoado no serviço.

-Não.

Paguei os $25,50 por tudo contando árvore, bola, e uma garrafa de vinho vagabundo.

-Obrigado e volte sempre.

Uma chupeta com aqueles lábios pintados de baton avon vermelho e chechelento ajudariam bastante.

-|de nada.

Estava a duas quadras de casa e sai com aquela porra daquela árvore e a sacola nas mãos.

Era uma espécie de um alienígena desembarcando na Terra. Achei que era mais normal andar com aquele troço na rua mas não era. 105 kg de massa bruta na rua e uma árvore na mão. Bisonho.

Subi as escadas e entrei devagarzinho. Ele já estava em pé.

-Pai! Você “Compô” a avoi.

-Comprei.

-Tem bolinha?

-Tem.

-Quem é o papai Noel.

-Sou eu.

-Você?

-É.

-Pensei que você “éia” o Hulk.

-As vezes eu sou também.

Os menores acordaram e a árvore agora adornava a sala.

O Natal vinha chegando e eu seguia em frente com o pulso doendo e o pescoço ralado.

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Trilha sonora bacana, “das antiga” e que tem a ver com o lance

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cerveja no centro

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By bmozz at 2010-11-18



Mike engatou a quinta marcha e senti o vento batendo na minha barba. Era uma tarde quente de sexta-feira e me sentia bem.

-Aonde vamos? Perguntou Mike.

-Centro.

-Vamos lá pro quebra-culhão! Disse Sam com a autoridade de quem conhece a cidade a mais de 30 anos.

Rodamos por cerca de 20 minutos até que Mike disse.

-Caralho Sam! Onde é essa porra?

-Espera ai...

-Esse cabeça de bagre disse que conhece essa merda a 30 anos e se perde na própria cidade.

-Lá! Sam apontou e vimos um bar grande e bem bacana.

-Vamos ter que dar toda essa porra de volta de novo? Mike resmungou.

-Vale a pena. Disse Sam

-Eu preciso de um trago porra! Berrei lá do fundo e então seguimos.

Paramos no farol e olhávamos o centro. Uma loura oxigenada de rosto brutal e com a expressão que diz É ISSO QUE FAZEM COM A GENTE NESSE MUNDO passou por nós.

-Oh! Olha aquele rabo!

-Cala boca Cliff! Você é casado e tem filhos à beça.

-Eu sei Sam, mas é um rabo e tanto.

-E daí! Você só vai OLHAR mesmo. Com esse salário de merda que você ganha, não da pra comer ninguém.

-Isso é bem verdade, mas que é um rabo e tanto ah...Isso é.

O farol foi do vermelho pro verde e ela saiu rebolando aquele rabo em direção sta Filomena, onde elas fazem ponto nas casas de 20 mangos.

-Para o carro ai.

-Aqui Sam? Ta louco? Vou levar uma baita de uma multa.

-Fica frio Mike, não da nada.

Mike parou e descemos. Roger parou também, assim como Anth e entramos no bar.

Um barzinho maneiro, tranqüilo e limpo.

-Não falei que era bacana!

Sam ficara feliz por ter ele escolhido o quebra –culhão.

-É mesmo Sam! Dessa vez você deu uma dentro. Eu disse isso e chamei a garçonete que veio se rebolando toda, esguia feito cobra na mata.

-3 cervejas e um maço de lucky strike.

Roger olhou o jeito da dona e disparou.

-Hei Cliff! Ela te olhou bem hein negrão!!! Ta com moral.

-To nada, só fui simpático. Eu sei fazer isso em bares.

-Mas quando ela souber quanto você ganha...

-Porra Mike nem lembra! É fracasso demais pra um dia só.

-Vai ver ela gosta de rola grande.

-Essa porra dessa rola nem deve subir. Grande desse jeito vai ficar sem sangue.

-Vai se foder Sam! Essa merda ainda sobe, eu só não tenho grana nem pra comer um rabo extra.

Ligaram um rádio e começou a tocar um rap, Sam protestou.

-Ah! Vai se foder. Que porra de musica é essa?

-Porra Sam, Vai a merda! Você queria ouvir o quê? Abba?

-Heheh! Caralho Mike! Pegou pesado hein? Abba é O fim da picada.

-Vão se foder vocês dois, eu gosto de Abba!

-Putz! Depois de velho fica com fricote.

Caímos na gargalhada. Sam,se imputeceu e foi ao banheiro dar uma cagada, Mike e Anth discutiam futebol, enquanto eu e Roger fumávamos um cigarro olhando os rabos que passavam na calçada no fim da tarde.

Entre ofensas, risadas e cervejas, os laços se fortalecem na divindade do dia a dia da vida.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

10° Dia


Último Round

Chegamos e olhamos as escadas. Uma sensação de alivio e alegria quase me fez sorrir. Enfim sairia daquela latrina de merda flamejante e isso era bom. Subi o morrinho, acendi um cigarro e fiquei olhando o povo lá embaixo. Todos pareciam EXTREMAMENTE felizes, todos conversavam entre eles assuntos que eu não queria conversar. Quase tive uma impressão favorável das massas. Eram fodidos e tinham uma existência deplorável mas conseguiam sorrir com qualquer estupidez. Eu não conseguia ser assim, nunca consegui e agradecia a Deus por isso.

Entrei na sala, peguei os papéis, rabisquei as respostas e fui embora. Era simples assim. Entrei no banheiro, mijei, desci, acendi um cigarro e fiquei esperando por Mike e Sam pra fugirmos do inferno.

Aos poucos as pessoas iam surgindo. Rostos, rostos e mais rostos a maioria não me dizia nada.

-E ai Mike? Cadê o Sam?

-Ué? Ele ainda não saiu?

-Nada.

-Esse filho da puta sempre embaça.

Em pouco tempo o pátio estava cheio. Ouvi uma voz de mulher atrás de mim.

-Esses caras são uns boçais. Eles nem deviam estar aqui.

Percebei que se referiam a nós. Celebridade é pra quem pode.

-Caralho! Vocês já tão ai?

-A pelo menos meia hora Sam. Vam’bora!

Mike ligou o carro e nos mandamos. O Sol brilhava tranqüilo e quando eu quase ia ficando feliz a bomba veio.

-Vamos ter que voltar a tarde.

-Por que Sam?

-Vão entregar uns materiais. Vamos ter que encarar essa merda.

Mike colocou uma quinta e disse.

-Só espero que seja rápido.

Sam cozinhou, comemos, bebemos e voltamos.

Ai o caldo desandou.

O Salão já estava lotado quando entramos e ainda era cedo. Eu não sei por que que aquele povo gostava tanto de se aglomerar. Procuramos um lugar e isso estava difícil.

Finalmente nos sentamos e então ouvi atrás de mim uma voz de mulher.

-Pô! Vai ficar com esse cabeção ai na frente.

Sem olhar pra trás, com a mesma nobreza de um guarda da rainha respondi.

-SE QUISER POSSO COLOCAR O CABEÇÃO DO MEU PAU AI NA FRENTE!

Não ouvi mais nada vindo de trás de mim.

Por fim permitiram que levantássemos.

O Povo falava animado sobre a estúpida confraternização.

Uma garota veio em minha direção.

-Cliff? Você vai ao churrasco.

-É claro que não. Eu sou seleto pra bebida.

-Graças a Deus.

Gostei da sinceridade.

Meia hora depois, enquanto todo mundo se espremia nalgum salão imundo, comendo carne dura e sorrindo bestamente, eu, Mike, Sam, Roger e Anth sentávamos num bar do centro.

Bastardos inglórios. Exclusos do resto do mundo, cavalos selvagens, loucos, poetas, pais, avôs e amantes, mas acima de tudo HOMENS de alma que mesmo corroída pelas mazelas do dia-a- dia ainda conseguiam resistir a mais um round.

O Sol se punha e seguia pra casa tranqüilo, esperando que o dia de amanhã fosse melhor que o de hoje.

FIM.






¹Agradecimentos especiais a todos que me inspiraram dentro desta latrina de merda flamejante

² Essa é uma obra de FICÇÃO qualquer semelhança com pessoas ou fatos é mera coincidência

³ As vezes eu minto um pouco

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

9° Dia

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Cigarro Apagado.

Estávamos trancados naquele microcosmo a exatos nove dias e só faltava um pra alcançarmos a liberdade e isso despertava o que, ao meu ver, existe de mais escroto no ser humano, a maldita fase do “SEJA-UM-CARA-LEGAL-E-GANHE-PONTOS-COM-DEUS-SABE-LÁ-QUEM” Puxa-saquismo barato e piegas, pedante e horrendo.

Muitos já estavam é de saco-cheio daquela merda, mas, existia uma parte (e sempre vai existir uma parte) que, invariavelmente, vai dizer que não.

Não havia mais conteúdo nenhum a ser passado de modo que, ficávamos a maior parte do tempo vadiando por ali.

Estava sentado num canto, na minha, sem falar nada com ninguém, trancado num bloco de pedra pra mim mesmo quando ouvi passos em minha direção. Era Valerie.

Valerie era uma gordinha sexy. Era mais pra peso pesado que pra top model, mas tinha lá seu charme. É claro que as possibilidades de eu fodê-la eram as mesmas do homem chegar a Saturno a bordo de um Chevette 86.

-Cliff, me empresta o isqueiro.

-Tó.

-To de saco cheio disso aqui cara...

-Eu também garota.

-Estranho você falar comigo...Você é o tipo de cara que não gosta de ninguém.

-Olha...A bem da verdade não gosto muito de gente de uma forma geral. Existem pessoas boas no mundo, talvez EU não seja uma dessas pessoas boas... Mas o lance é que aqui eu tenho visto muita sacanagem...Uma porrada de falsos profetas, gente se dissolvendo igual castelo na areia.

-Eu sei, mas é assim mesmo. De qualquer forma a gente tem que aprender a viver essas coisas e levar de uma boa. Vai ter uma confraternização amanhã. Você vai?

-Não! De jeito nenhum! Não suporto a maioria das pessoas daqui, não faria sentido nenhum ir até lá.

-Beleza. Valeu o isqueiro.

-Wo!

Levantei e me dirigi ao pátio do centro. Um grupo de pessoas vinha na contramão.Tentei desviar, mas foi em vão.

-Cliff! Estamos passando uma lista pra confrater...

-Não! Rosnei e continuei andando rumo a algum lugar onde pudesse acender um cigarro e não vomitasse ao primeiro trago.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

8° Dia




Tempestade Bipolar


Estava sentado lá no fundo escrevendo no caderno quando ouvi sua voz.
-Cara, eu tenho certeza que isso não tem nada a ver com a aula, mas vai ser uma estória bacana.
-Espero que sim Scap! Alias, a ÚNICA coisa que me resta a fazer aqui é escrever, isso aqui ta uma merda intragável.
-Realmente eu esperava mais. Mas tudo bem faz parte.
Charlie Scappalone era um gênio da lâmpada. Um dos caras mais inteligentes que eu já vi na minha vida. Três casamentos e talvez um funeral. Escrevia musicas muito boas e tinha um temperamento dos mais difíceis possíveis. Era ODIADO por muitas pessoas e tinha lá sua parcela de culpa, mas comigo, nunca tinha pisado na bola.
-Hey Cliff. Eu tava pensando que depois deste negócio acabar nós poderíamos trabalhar juntos.
-Olha Scap...Você sabe que eu te considero pra caraça, mas não rola. Você é uma tempestade Bipolar ambulante.
-Isso é que eu gosto em você Cliff. Você fala as coisas de uma forma direta e na cara, sem rodeios. O Mike acha o mesmo de mim.
-Vê. Não sou o único.
Percebi uma garota nos olhando. Era Molly. Ela fora uma ex de um conturbado lance com o Scap.
-E ai? Como vão as coisas entre vocês?
-Ela não pode me olhar na cara. Fica um clima chato. Eu realmente não queria que as coisas fossem desse jeito.
-A gente NUNCA quer, mas acaba virando. A coisa mais difícil no mundo é entender as mulheres. Eu já desisti. Quando era mais jovem eu procurava pela garota dos meus sonhos. Depois descobri que não sendo um pesadelo já se pode considerar uma vitória.
-Hahaha Suas citações são sempre boas. Abraço Cliff. Não posso sentar ao seu lado senão perco a concentração. Fico de bate-papo e não faço nada.
-Até mais meu velho.
Scap se levantou, foi pra frente e eu fiquei ali atrás farejando igual a um perdigueiro a proximidade do fim daquilo tudo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

7° Dia



107 Varas Murchas


Eu me lembro que tudo começou com uma manhã clara e de tempo ameno. Nos mandaram lá pro lado de baixo e seguimos sem perguntar nada. Não fazia mais a menor diferença saber ou não pra onde éramos mandados, Uma Aushwitz em miniatura e sem gás.
Ela entrou. Devia medir um metro e oitenta e tinha uma bunda simplesmente SENSACIONAL! Seios vulcânicos pulavam dentro de um decoto generoso e a cara, se não era bela, também não era má.
Havia 107 caras lá dentro e todos estavam de pau duro e eu, não fugi a regra.
Mas de repente tudo começou a desmoronar.
A porra da mulher era irritadiça como o diabo. Tratava a todos como dementes e estúpidos, numa grosseria que era de se admirar.
-Cara, essa mina é o demônio.
-Deve ser mau comida por ai.
-Que rabão.
-Filha da puta.
Eu ouvia os comentários falados baixinho, escondidos e contritos um a um.
Era uma situação difícil.
Cada vez que ela pegava o microfone e começava soltar as balas de ódio , imaginava enfiar-lhe a pica na garganta até afogá-la com os bagos.
Nos deram um tempo de uns 20 minutos e saltei atrás de café pra entremear com o cigarro. Na hora que estava chegando próximo a mesinha ela estava lá. Olhei pro rabo. Era grande. Olhei pros peitos. Eram grandes. Olhei pra cara.Não havia nada. Apenas uma petulância crônica e boçal.
Fui pra fora, acendi meu cigarro e me sentei.
Uma brisa leve soprava e era difícil entender por que as coisas eram desse jeito.
A sirene tocou. Entramos e nos sentamos. Agora eram 107 picas murchas numa besta manhã.

domingo, 7 de novembro de 2010

6° Dia




Bolinha de sabão.

O barato é que passávamos da metade daqueles dias e as coisas estavam longe de melhorar.Pelo contrario, tornava-se cada vez mais insuportável a convivência entre os seres daquele sistema.
Haviam espécies interessantes sim, mas a maioria era como margarina derretida em cima de biscoito de maisena. Rançosa e melequenta.
Tinha um cara que eu até achava bacana antigamente. Tatuagens bacanas e um ar sabedor de assuntos legais. Engano. O cara se dissolvia em assuntos chatos e inacabáveis, cheios de salamaleques pra parecer bacana.
No intervalo veio até mim.
-Hei Cliff! O que você esta achando disso.
-Uma merda.
-AH! Você deve estar brincando! Cara, isso aqui é uma experiência incrível!!
-Que bom, que é pra você garoto. Que bom que é pra você...
-Cara, você precisa de ajuda.
-Todo mundo precisa, agora se me da licença...
-Poxa cara. Eu te achava antigamente um cara mais legal.
-Você nem me conhecia antigamente cara. Ouviu falar de mim por fontes nada confiáveis, agora me da licença ou lhe espanco o baço!
Desci e me mandei. Valerie me pediu um cigarro com seus olhos cansados e sorridentes.
-Cliff! Esse cara é mesmo um bolha!
-Eu não imaginava...Eu só queria ficar quieto na minha...
-Própria bolha de sabão. Eu te entendo.
-Ufa! Será que é tão difícil ficar quieto num lugar desses?!
-Hehehe É sim. Obrigado velhão.
-De nada garota.
Me mandei pro canto mais isolado, em cima da escada. A voz de Aretha Fraklin Me convidava pra um passeio flutuando na minha própria bolha de sabão.



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

5° dia




Meio metro de um dia feliz.

Os momentos de intervalo eram um sopro de alivio incomensurável.
Era muito irritante ficar ali mas, quando nos davam 20 minutos de folga, você se via ali com a alma perigo e a vida pendurada por um gancho encontrava um pouco de contrição junto algumas outras pessoas.
Fazia um calor agradável e estávamos um pouco altos por causa da hora do almoço.
Sam desceu xingando.
-Puta de merda! Essa mina é folgada pra caralho.
-Quem? Perguntei.
-A Tal da Jully, a instrutora dessa merda.
-Ela é mesmo, mas até que é um bom rabo.
-Magro demais.
-Tudo bem, mas mesmo assim é um bom rabo.
-Você devia era socar essa rola de meio metro no rabo dela, com areia pra essa filha da puta aprender a virar gente.
-Vou me esforçar pra isso.
Mike desceu, junto com outros caras legais. Roger, Ed e Molins. Eles também pouco se misturavam ao resto do universo ali presente. Boas almas.
-E ai Cliff? O Sam ta resmungando por causa daquela mina?
-Ta. Ela não é de todo mau. É um bom rabo.
-VÃO SE FODER VOCÊS DOIS! Sam xingou e foi pro outro lado.
Acendi um cigarro e ficamos ali conversando sobre futebol pra descontrair.Molins sacou de um radio bacana, desses troços modernos e vistosos.Tocava um reaggae. Sorrimos.
-Caramba! Vocês estão cheirando a vinho barato. Ed disse entre dentes próximo a Mike e eu.
-Bebemos um pouco no almoço.
-Porra! Isso da vontade!
Ed havia parado de beber uns 2 anos atrás. Tinha medo de recair e voltar com tudo.
-Eu imagino.
No fim das contas até que estava sendo um dia bacana. Em breve ir pra casa, ver os filhos e pintar com Cryon com o mais velho.
Faltava metade do caminho até o final daquela encheção de saco e era possível que sobrevivêssemos a esse 50 cm finais.

4°Dia



Salvando Bee Bee


Como Mike e Sam haviam ficado na outra turma e eu dependia dos dois pra comer e poder sair daquele inferno e, como as aulas (Será que aquela merda podia ser chamada de aula?)eram em horários diferentes, precisei bolar uma forma de fugir dali sempre que precisasse. Arranjei um lugar ali no fundo da sala, bem ao lado da porta e ao lado de Bee Bee.
Bee Bee era um cara extremamente bacana. Fiquei feliz de tê-lo ao meu lado ali, pois apesar de toda aquela encheção de saco aquela merda valia GRANA e por isso PRECISAVAMOS tolerar aquela porra.
De repente uma mulher entrou na sala. Era feia pra caralho e tinha o corpo estranho, mas calçava longas botas de amazona um bocado bacanas.
Ela começou a falar e era uma avalanche de bosta. Papo decorado e chato pra burro. Levantei, abri a porta, sai e fumei um cigarro e voltei. Bee Bee estava irritado pra burro.
-Cara, essa vaca escrota só ta falando bosta.Bee Bee disse e eu me sentei.
-Todo ismo é uma merda. Coisa pra louco. É claro que todos tem lá suas razões mas essa porra dessa martelação de blá blá blá irrita.
O papo continuou nessa linha.Levantei-me mais umas duas vezes pra tomar café e fumar e percebi que a tal dona se irritou.
Dei um foda-se e me mantive conversando com Bee Bee.
Uma mulher começou a entrar na onda. Não existe nada pior do que uma vagabunda que se converte religiosamente e resolve começar a pregar a palavra que ela considera certa em voz alta.
Era isso que havia começado a acontecer.
Bee Bee riu alto e eu ri junto. A dona feminista olhou com os olhos em chamas.
-Vocês dois ai do fundo! Queria a opinião de vocês.
Todos nos olharam. Bee Bee ficou vermelho. Ele era careca e gordinho então sua cara mais parecia uma rola nessas horas. Bee Bee era um cara muito querido pelas pessoas. Nem sei como ele gostava de falar comigo. Eu não. Eu era detestado pela maioria das pessoas, nunca tive bom nome junto aos círculos sociais e nem me importava por isso tomei a frente.
-Olha dona. O dia em que as mulheres toparem puxar um arado, perder os seios à bala na guerra, encher latas de cimento sob o Sol ou ficar pendurada 12 horas atrás de um torno mecânico eu topo ficar em casa e me emocionar com o José Meyer na tv.
Ela ficou em silêncio. Um cara riu, outros deram de ombros. Bee Bee estava Salvo e eu sai pra fumar e se possível não voltar naquele dia.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

3° Dia





Corrida pra casa.


É claro que dentro daquele inferno que éramos obrigados a tolerar haviam momentos de folga e, o maior deles era a hora do almoço.
Como éramos um bando de duros e não tínhamos grana suficiente pra comermos nos bons restaurantes da região, a maneira encontrada pra forrar o bucho era irmos até a casa de Sam que morava próximo e comermos algo.
O tempo era curto portanto Mike tratava de sentar o pé no carro pra que pudéssemos chegar rápido.
-Caralho cara!! Toma cuidado com o velho!! Porra, tu é maluco? Você ta de brincadeira??
-Vai se foder Sam!
Gostava dos caras. O clima era sempre amistoso e harmonioso.
-E esse filho da puta desse negão! Caralho Cliff! Você não prestou nem pra cair na nossa classe.
-Cara, a culpa não foi minha. Sou azarado pra caralho mesmo.
-Puta merda Mike! Cuidado! Para essa Porra!
-Va se foder sam!
Mike desligou o carro e descemos. Atravessei a avenida e entrei pela porta de metal e vidro.
A garota atendeu o balcão com um sorriso clamo. Não devia ter mais de 20. Tatuagem na lombar, coxas grossas. Comibilissima.
-Oi! Quero 4 cervejas e uma dose de rum. O Sam disse que depois trás os cascos.
-O Sam deve mais de 10 cascos aqui.
-Ele disse que tava tudo bem.
-Dessa vez passa, mas manda ele trazer os cascos.
-Mando.
-Você é amigo do Sam né?
-Sou.
-Você tem uma baita cara de bebum.
-É verdade.
-Toma teu rum.
-Obrigado.
Sai do bar e atravessei a rua quase sendo atropelado por um ônibus, abri o portão, fechei, desci as escadas e depois subi as escadas.
-Ta aqui ó! E a garota disse que tu ta devendo mais de 10 cascos.
-To devendo porra nenhuma.
-Sei lá.
Abri as cervejas nos servimos e Sam cozinhava o rango. O filho da puta era mesmo bom naquilo.
É claro que batemos boca por coisas estúpidas e também é claro que chegamos atrasados aquele dia e todos os demais, mas fazíamos das duas horas uma pequena fuga do desespero insensato que nos cercava.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

2° dia





Félix, doritos e Cabelos Vermelhos.


Me tacaram ali na sala e tratei de procurar meu lugar entre os meus semelhantes.Lá no canto mais escuro estavam eles, Poucos, execrados daquele formato de sociedade imposta. Puxei uma cadeira me sentei ao lado do Marc.
-Oh! Bom te ver cara.
-Marc! Bom te ver também seu velho sacana!
Marc era um cara bacana. Já meio coroa de óculos redondos e dono de uma pequena calva. Otrabalho maldito as dividas e um pouco de álcool fizeram dele ainda mais baratinado e iluminado que antes.
Era um bebum assim como eu, nos entendíamos bem.
-Cara! Que hora será o almoço?
- Sei lá! Só espero que seja logo, preciso de um trago pra agüentar essa merda!
Lá na frente uma coroa falava um monte de asneiras e ria como uma hiena selvagem.
-Sabe Cliff! Queria era foder essa coroa!
Marc disse e eu prestei mais atenção. Era já bem coroa mas ainda dava um bom caldo.Toda pernas e bocas e os peitos aparentemente ainda firmes. Um cabelo tingido de um fogaréu vermelho.
-Seria legal você fodê-la! Eu gostaria de ficar assistindo.
-Segurando o troço na mão?
-Não. Bebendo vinho e comendo Doritos.
-Doritos?
-Acho bacana.
-Hum...Oh! sabia que Noé, aquele do barco gostava de bebidas fortes. Andei lendo a bíblia.
-Também gosto de bebidas fortes, de barcos e de bichos. Pode ser que eu descenda dele.
-Pode ser. Ainda quero foder essa coroa.
Uma garota da sala ouviu nossa conversa e olhou. Olhos grandes, assustados, azedos e gelados em nossa direção.
Mulheres.Simplesmente não dou sorte com elas.
-Talvez eu tente foder essa coroa no final da aula. O que acha Cliff?
-Acho legal. Mas precisava mesmo é de um trago.
O céu era claro e límpido naquela manhã. Um bom amigo queria uma foda e eu uma fuga.Talvez nós dois ficássemos sem ter os desejos realizados.
-Opa! Olha o que tem na minha mochila do gato Félix!!
-Marc destampou a rolha da garrafa de plástico e me passou. Uma boa salina.
-Marc! Eu te amo!
-A gente faz o que pode.
E assim, fazendo o que era possível, tentávamos sobreviver aos segundo dos dez dias de inferno programado.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

De volta à latrina de merda flamejante.


1° dia
Afundando no balde de lixo.

Acordei cedo olhei pra janela e vi a chuva.Um cagalhão de cachorro descia rolando quente e imorredouro pela enxurrada.Bom dia! Era assim mesmo, sempre foi.
Sentei-me na beira da cama e abaixei pra amarrar meus sapatos e como de costume, quando estou nessas situações disse pra mim mesmo “Deus todo poderoso! O que mais agora?”
Sai pra rua, acendi um cigarro ignorando os prognósticos e mau tempo e me mandei.
Tomei o ônibus, desci no centro e me encontrei com os caras.Pessoas boas, incrédulos geniais ! Jockeys do inferno chicoteando cavalos de fogo!! Dois entre centenas, tinha sorte por conhecê-los.
Entramos no carro. Boa musica no alto-falante e boa conversa pra tentar rebater o que nos aguardava.
Pra variar nos atiraram no lugar mais fétido, obscuro e moribundo que era possível. O pior de tudo não era o cachorro velho e pulguento dormindo na sala, mas sim, Ter que VER todas aquelas pessoas sorrindo como hienas ensandecidas e ainda mais nauseante era ter que FALAR com a maioria da daquelas pessoas.
Pra piorar queriam que todos fizessem uma INTERAÇÃO! Jesus!! SOCORRO!! Eu só desejava ardentemente que toda aquela estupidez acabasse logo.
Eu olhava pra maioria daqueles rostos. Rostos, rostos, faces e sorrisos, a maioria não me dizia nada e muito do que me era dito não era lá muito bom.
Por fim, começaram com um blá blá blá rançoso e mole mas que 78% engoliu como se fosse chocolate.
Lá no fundo discutíamos futebol e tentávamos sobreviver.
Seriam 10 dias e eu já sentia meus pés afundando na merda quente daquele circo horrendo como areia movediça.
Uma latrina de merda flamejante me puxando pra baixo do mundo e de toda razão que poderia existir.