Blake entrou pela porta de ferro, subiu a longa escada, cruzou a catraca, foi ao fundo do salão, pendurou o saco tão surrado quanto a sua própria cara carcomida pelos anos de trabalho noturno, loucura e alucinação na girafa de madeira e foi pro seu canto.
-E ai Dereck!
-E ai Blake.
Derek era o cara que chefiava aquele lugar. Era um cara bacana.
O lugar estava cheio de jovens. Blake era o cara mais velho do recinto, porém era durão. 105 kg e forte como um nelore.
Blake foi até o canto vazio e começou a se excercitar tentando, pelo menos naquelas duas horas, esquecer de tudo.
Era uma coisa engraçada. O mesmo cara que levantava grandes quantias de peso numa boa, de pescoço taurino e expressão rude, era na verdade a porra de um beberrão indizivel.
De repente Derek chega perto e diz.
-Ei Blake! Vai ter uma boa aula agora na sala ao lado. Por que você não vai até lá.
-Pra mim não rola cara. Ta só a gurizada, vou passar o maior carão.
-Vai nada, tu é um cara durão.
Blake já tinha desistido da idéia quando uma jovem passou por ele.
Devia medir um metro e meio mas que METRO E MEIO!!!
Diabos! Era uma maquina de deixar homem louco!
Seios duros como rocha, um rabo empinado e firme que fazia retaguarda pra uma xota grande e saltada, emoldurada por um colant azul.
-E ai grandão? Vai encarar a aula?
A voz grasnava feito um pato, mas...FODA-SE ela não era uma cantora dos Supremes!
-Vou! Pega leve comigo hein! Sou velho demais pra essas coisas.
Entraram umas 10 pessoas na sala, todos jovens e vistosos, exceto ele. Juventude, força e vitalidade. Sonhos que se desfarão ante as marretadas do matadouro da existência.
Sentiu certa inveja deles.
Ela mandou que todos pegassem enormes bolas de plastico.
Blake pegou a sua e estirou-se num colchonete.
Daí tudo começou.
Ele sempre fora um desastrado completo.Quase caiu umas duas ou três vezes, parte da falta de equilibrio gerada pela idade e pelo alcool.
Resistiu até onde pode e depois cedeu.
Levantou-se bravamente e conseguiu chegar à segunda etapa.
Quando pensava em desistir percebeu que ainda valia a pena.
A tal instrutora fez um movinto estranho que mais lembrava a uma foda. Então uma lapa de seio começou a correr marotamente pra fora do colant.
Seria prudente desviar o olhar e esquecer mas... ORA! QUE VÁ TUDO A MERDA! Pensou e ficou ali fingindo ser um alteta e olhando aqueles peitos e rezando, olhando uma pequena auréola que teimava em escapar enquanto fingia ser um pessoa decente e calma e rezando, sendo premiado com aquela visão de um bico na manhã fria de junho enquanto fingia que era tudo uma puta de uma casualidade e rezando.
Rezando pra que aquela sorte durasse um pouco mais.
Rezando pra que toda a merda do mundo escoasse por debaixo de seus pés rumo ao esgoto dos infernos.
Rezando pra que essas palavras no papel fizessem algum sentido...
Por fim, tudo acabou.
A garota se dirigiu até ele.
-E ai? Como foi?
-Bom, vou precisar de uns 3 dias de bebedeira pra me recuperar disso aqui.
-Você tem problemas com bebida?
-Não, tenho probelmas é com um monte de coisas, a bebida ajuda a destilar.
-Semana que vem tem mais.
-Talvez eu venha.
-Até.
-Até.
Blake voltou pro salão, ergueu seus pesos homéricos e depois saiu pro Sol gelado de inverno sem garota linda, sem sorte, sem bico de peito.
Apenas uma garrafa, um cigarro e algumas linhas pra por no papel.
Rezando pra que a fraude que sempre foi, nunca se dissipasse em sonhos de grandeza.
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Brothers and sisters. it's time to talk!!!